Como era a China quando a capital ainda era Nanquim

Cidade governou país no início da penúltima dinastia imperial, a dos Ming, entre 1368 e 1421

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

NANQUIM, CHINA - A China comunista celebra seu 70.º aniversário com um desfile militar gigante em Pequim, mas a cidade nem sempre foi a capital do país mais populoso do mundo.

Foi em Pequim que o dirigente comunista Mao Tsé-tung proclamou a República Popular, no dia 1.º de outubro de 1949 Foto: Noel Celis / AFP

PUBLICIDADE

Até 1949, a República da China, um regime atualmente refugiado na Ilha de Taiwan, tinha sua capital em Nanquim (leste), uma cidade que fica a cerca de 1 mil km ao sul de Pequim.

O palácio presidencial continua sendo uma das atrações turísticas de Nanquim, onde alguns habitantes parecem sentir saudades de quando a região reinava no Império do Centro.

"Nanquim foi a capital de dinastias que não duraram muito tempo. É uma cidade maldita", afirma Jiang Shaojian, uma habitante local.

Ambas disputaram durante muito tempo o título de capital: Pequim significa "capital do norte", e Nanquim, "capital do sul".

Nanquim, que tem hoje mais de 8 milhões de habitantes, governou o país no início da penúltima dinastia imperial, a dos Ming, entre 1368 e 1421. Na época, talvez fosse a cidade mais populosa do mundo.

Estigmas do passado

Publicidade

Após a queda do império em 1911, recuperou seu posto em 1927, graças à chegada ao poder do partido nacionalista, o Kuomintang. A invasão japonesa forçou os nacionalistas a fugirem da capital em 1937, quando Nanquim se tornou palco de um massacre que deixou 300 mil mortos, segundo os historiadores chineses.

A cidade voltou a ser, brevemente, a capital dos nacionalistas de Chiang Kai-shek em 1945, mas ele teve de fugir novamente de sua capital no fim da guerra civil chinesa. Foi em Pequim que o dirigente comunista Mao Tsé-tung proclamou a República Popular, no dia 1.º de outubro de 1949.

Setenta anos mais tarde, os estigmas da guerra civil ainda permanecem ali: os comunistas mantêm o controle do país de Pequim, e os herdeiros de Chiang Kai-shek governam uma "República da China" limitada à Ilha de Taiwan.

Sun Yat-sen, fundador do Kuomintang

PUBLICIDADE

Apesar do duro passado, os turistas podem admirar as lembranças do líder dos nacionalistas em seu antigo palácio presidencial, um edifício com colunas de estilo europeu transformado em museu.

Um pouco mais longe, na cúpula de uma verde colina, outros vão até o mausoléu de Sun Yat-sen, fundador do Kuomintang e efêmero presidente da República da China em 1912.

Sun Yat-sen é reverenciado tanto pelos nacionalistas quanto pelos comunistas, que veem nele uma figura revolucionária, patriótica, mas também enxergam um vínculo entre o continente e Taiwan que justifica suas reivindicações sobre a soberania da ilha.

Publicidade

"Sun defendia a unidade nacional", declara um guia que recebe um grupo de turistas no mausoléu. "Pouco importa que tenha sido o fundador do Kuomintang. Certamente estaria de acordo com os comunistas sobre os vínculos com Taiwan.”

Estátuas do líder chinês Mao Tsé-tung em um mercado de antiguidades de Pequim Foto: Noel Celis / AFP

Alguns especialistas têm dificuldades para ver no democrata, cosmopolita e cristão Sun Yat-sen um potencial companheiro de rota do atual Partido Comunista.

Anson Luo, um empresário da província de Guangdong (sul) não vê qualquer contradição. "Sem Sun Yat-sen, a China teria seguido na escuridão durante anos", afirma. / AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.