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Condenado por Lockerbie é libertado na Escócia

Ali al-Megrahi, condenado por ataque que derrubou avião e matou 270 em 1988, sofre de câncer terminal.

Por BBC Brasil
Atualização:

O único homem condenado pelo atentado de Lockerbie, em 1988, que matou 270 pessoas, foi libertado por razões humanitárias, de acordo com informações do governo da Escócia. O líbio Abdelbaset Ali al-Megrahi, de 57 anos, foi condenado à prisão perpétua em janeiro de 2001 por ter participado do ataque a bomba contra o voo 103 da Pan American World Airways, que explodiu quando sobrevoava a cidade escocesa de Lockerbie em 1988, matando 270 pessoas - 189 delas americanas. O secretário de Justiça escocês, Kenny MacAskill, revelou que al-Meghrahi, que tem câncer na próstata em estágio terminal, poderá voltar ao seu país "para morrer". De acordo com informações apuradas pela BBC, ele será levado de volta a Trípoli, na Líbia, em um voo especialmente fretado que deve sair de Glasgow na tarde desta quinta-feira. O governo escocês afirmou que fez consultas extensas antes de tomar a decisão. Kenny MacAskill disse em uma entrevista coletiva que rejeitou o plano de uma transferência de al-Megrahi para uma prisão na Líbia. No entanto, MacAskill consultou médicos que afirmaram que três meses "era uma estimativa razoável" do tempo de vida que restava ao condenado. MacAskill defendeu a libertação, decidida por razões humanitárias. "O senhor al-Megrahi não mostrou às suas vítimas nenhuma compaixão. Eles não voltaram para suas famílias (...) Mas isto não é razão para que nós neguemos compaixão à ele e sua família em seus últimos dias de vida", afirmou. Pressão MacAskill tem sido pressionado pelo governo dos Estados Unidos para manter al-Megrahi preso e a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, já afirmou que sua libertação seria "absolutamente errada". Sete senadores americanos também enviaram uma carta ao governo da Escócia pedindo que al-Megrahi cumprisse a pena completa de prisão e alegaram que o atentado foi um "ato horrível de terrorismo internacional". No entanto o governo da Escócia insiste que a decisão foi tomada "tendo como base provas claras e nenhum outro fator". O médico Karol Sikora, que visitou al-Megrahi na prisão, afirmou que o líbio tem uma forma "agressiva" de câncer de próstata que não está mais respondendo ao tratamento. "Acreditamos que ele tem apenas um período muito curto de vida", afirmou. A reação de alguns dos familiares das vítimas foi dividida. Victoria Cummock, que perdeu o marido no atentado, afirmou que a libertação de al-Megrahi é "moralmente errada". "Este homem é um assassino em massa e, se você comete um crime, você tem que cumprir a pena", afirmou. Martin Cadman, cujo filho morreu no atentado, afirmou recentemente que a libertação é "a coisa certa a ser feita". Razões humanitárias Al-Megrahi foi condenado a permanecer na prisão de Grenock por no mínimo 27 anos pelo atentado - considerado como um dos piores ataques contra o Reino Unido. Os advogados de al-Megrahi já haviam feito um pedido de libertação por razões humanitárias em outubro de 2008. Na ocasião, o pedido foi negado depois que os juizes ouviram de uma equipe médica que, com cuidados paliativos, al-Megrahi poderia viver por muitos anos. O tribunal afirmou que pedidos dessa categoria são normalmente atendidos quando o detido tem uma previsão de sobrevida de menos de três meses. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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