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Conflito cingalês mata 70 por dia desde janeiro, diz ONU

Americanos e europeus pedem trégua ao governo de Colombo, que aperta cerco à guerrilha

Por REUTERS e THE GUARDIAN
Atualização:

O avanço do Exército do Sri Lanka contra o grupo rebelde Tigres de Libertação do Eelam Tâmil (LTTE, na sigla e inglês) provocou a morte de 6.500 civis desde janeiro - uma média de 70 mortes por dia, segundo relatório da ONU publicado ontem. Em entrevista, a porta-voz do escritório de ajuda humanitária da organização, Elisabeth Byrs, qualificou de "catastrófica" a situação no país. Preocupados com o impacto do conflito sobre a população, Índia, Grã-Bretanha e EUA fizeram apelos para que o governo cingalês suspenda os ataques contra a guerrilha, que ocupa agora uma estreita faixa de areia de apenas 13 quilômetros quadrados no nordeste do país. Há meses, milhares de famílias vivem aglomeradas na região, sem acesso a água, alimentos e abrigo. Organizações humanitárias estimam, com base em imagens de satélite, que entre 50 mil e 100 mil pessoas ainda estejam no local, encurraladas entre o avanço das tropas do governo e o reduto rebelde. O governo do Sri Lanka discorda da estimativa e diz que esse número diminuiu desde segunda-feira, quando um cessar-fogo unilateral permitiu a saída de 108 mil civis do local. O Exército cingalês diz que o líder do LTTE, Velupillai Prabhakaran, recusa-se a se entregar e prepara para travar seu último combate na faixa costeira (mais informações nesta página). DIPLOMACIA A crise no Sri Lanka levou o chanceler indiano, Shivshankar Menon, a viajar ontem a Colombo acompanhado do conselheiro de Segurança Nacional da Índia, Mayancote Narayanan. Eles pediram que o governo cingalês conceda uma trégua para a saída de todos os civis da zona de conflito. O pedido foi reforçado, em Bruxelas, na Bélgica, pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. "Tantas vidas foram sacrificadas que já não há mais tempo a perder", disse Ban. O governo cingalês, porém, diz estar próximo de uma vitória militar e se nega a interromper o avanço de suas tropas. O ministro da Defesa do Sri Lanka, Gotabhaya Rajapaksa, rejeitou os apelos de trégua dizendo que "esse não é um assunto sensível no momento". A mesma opinião tem o brigadeiro Shavendra Silva. "Meus soldados já estão sofrendo um grande número de baixas por tentar proteger os civis", disse Silva. O governo acusa o LTTE de usar os civis como escudo humano, recrutar crianças e infiltrar seus membros entre a população que está fugindo do local. Desde 1976, o LTTE luta pela independência dos tâmeis, etnia que compõe 18% da população do Sri Lanka, uma ilha do Oceano Índico de apenas 25 mil quilômetros quadrados, um pouco maior que o Estado de Sergipe. Os tâmeis lutam pela autonomia do norte do país. Eles acusam os cingaleses, etnia majoritária da população, de segregação. TERRORISMO A guerra civil, uma das mais antigas do planeta, já matou 70 mil pessoas nos últimos 35 anos. A guerrilha tâmil é considerada a inventora do uso de homens-bomba e, em 2006, foi incluída pelo governo americano na lista das organizações terroristas internacionais.

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