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Conflitos são 'inimigo número 1' do crescimento da África, diz FMI

Por JOE BAVIER
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As nações emergentes africanas se tornaram uma importante força motriz para o crescimento mundial, disse na segunda-feira a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, alertando no entanto que os conflitos armados representam a maior ameaça para o futuro desenvolvimento do continente. Nações africanas ricas em recursos naturais continuam apresentando índices de crescimento impressionantes, num momento em que as economias da Europa estão estagnadas, e a dos EUA apresenta uma recuperação tímida. O FMI prevê um crescimento de 5,25 por cento para o PIB conjunto da África Subsaariana em 2013, um índice inferior apenas ao das economias emergentes da Ásia, e bem superior à média mundial de 3,6 por cento. "Está claro que os países emergentes são o motor do crescimento econômico mundial", disse Lagarde em discurso a parlamentares na Costa do Marfim, maior produtor mundial de cacau, que recebeu no ano passado 4 bilhões de dólares em alívio para a sua dívida externa, sob um programa do FMI e do Banco Mundial. "Não posso deixar de me impressionar pela resistência do continente... diante dos mais sérios distúrbios vistos pela economia mundial desde a Grande Depressão", disse ela. O diversificado setor minerador africano - que abrange desde a produção de cobre e ferro até ouro e diamantes - está tendo um crescimento expressivo, em grande parte por causa da demanda das indústrias chinesas. O mesmo vale para o setor petrolífero. E os investidores estão cada vez mais sendo atraídos por seu crescimento e por seus mercados consumidores praticamente inexplorados. Os recentes avanços, no entanto, correm o risco de serem revertidos por causa de persistentes conflitos em grande parte do continente, segundo Lagarde. SEGURANÇA FRÁGIL "A segurança é frágil demais em muitos países e especialmente aqui na África Ocidental. Se não houver paz, as pessoas simplesmente não terão confiança nem coragem de investir aqui no seu próprio futuro, nem (os investidores estrangeiros) terão", afirmou. Os países da África Ocidental e Central são propensos a ciclos periódicos de turbulência política desde a época das independências nacionais, há meio século, e o ano de 2012 foi marcado por um ressurgimento da violência. No turbulento norte da Nigéria, a seita islâmica Boko Haram realizou atentados mortais quase diários. Na República Democrática do Congo e na República Centro-Africana, rebeldes ganharam terreno e ameaçam derrubar os respectivos governos. No Mali, guerrilhas ligadas à Al Qaeda aproveitaram um golpe militar para tomar o controle de mais de metade do território do país, gerando temores de um conflito que possa se espalhar e desestabilizar toda a região. "Conflitos têm consequências desastrosas para os beligerantes. Eles também têm consequências para os países vizinhos. Se eu tivesse de citar o inimigo número 1 do desenvolvimento econômico, claramente seriam os conflitos", disse Lagarde. A Costa do Marfim, onde Lagarde passa três dias como parte de uma viagem pela África, emergiu de uma década de crise política após uma rápida guerra civil em 2011. Em meio a uma elogiada guinada econômica no seu pós-guerra, o país registrou um crescimento superior a 8,5 por cento em 2012, depois de uma contração de 4,7 por cento no ano anterior. Mas a nação ainda enfrenta desde agosto passado uma série constante de ataques letais contra as forças de segurança e sua infraestrutura.

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