21 de novembro de 2012 | 20h43
RAMALLAH - O atual conflito na Faixa de Gaza aumentou a simpatia dos palestinos pelo grupo militante islâmico Hamas e elevou sua importância em detrimento da Autoridade Palestina e de seu presidente, Mahmoud Abbas.
A violência, que inclui o lançamento de foguetes pelo Hamas contra Israel, tem ofuscado os esforços de Abbas para reivindicar à Palestina o status de Estado observador não membro na ONU. "O conflito marginalizou a Autoridade Palestina e a fez parecer menos importante do que o Hamas", afirma Ghassan Khatib, um analista político palestino.
O movimento Fatah, liderado por Abbas, detém um reconhecimento internacional atualmente negado ao Hamas, que controla a Faixa de Gaza desde 2007. Israel, EUA e União Europeia qualificam o Hamas como uma organização terrorista.
Desde a semana passada, ministros árabes e turcos têm visitado Gaza e se reunido com representantes do Hamas. Mesmo antes do conflito, o emir do Catar - figura importante do xadrez político do Oriente Médio - visitou Gaza sem paradas na Cisjordânia, criando especulações sobre o real significado do gesto.
Palestinos têm se reunido diariamente no centro de Ramallah em apoio a Gaza. Enquanto marcham pelas ruas da cidade, manifestantes pedem ao Hamas que continue a lançar foguetes contra Israel. "Atire, Qassam, foguetes contra Tel-Aviv", grita a multidão, referindo-se às Brigadas Ezzedine al-Qassam, ala militar do Hamas.
Em Israel, alguns funcionários parecem se vangloriar da redução do status de Abbas. "Tudo isso mostra claramente sua completa irrelevância", declarou o vice-premiê, Moshe Yaalon, em entrevista a uma rádio israelense.
Outros, entretanto, preveem um cenário perigoso caso o Hamas de fato suprima a Autoridade Palestina. Enquanto o grupo armado defende a destruição de Israel, Abbas apoia a criação de dois Estados.
"Se nossas ações não levarem a novas negociações de paz com Abbas, em breve estaremos em conflito em diversos fronts simultaneamente", disse o general reformado Amram Mitzna.
Com Los Angeles Time
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