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Confronto entre polícia e opositores no Irã deixa oito mortos

Um dos mortos é o sobrinho do líder da oposição, Mir Hossein Mousavi; manifestações devem continuar hoje

Por BBC Brasil
Atualização:

Manifestantes anti-governo e policiais voltaram a entrar em confronto na capital do Irã, Teerã, na madrugada desta segunda-feira. A cidade e outras localidades do país já haviam sido palco de conflitos violentos durante o domingo, quando pelo menos oito pessoas morreram, segundo informações da agência de notícias estatal. A polícia negou envolvimento nas mortes, dizendo que três delas foram acidentes e que outra foi causada por um tiro não disparado por policiais, sem dar detalhes sobre os demais casos. Autoridades disseram que as mortes estão sendo investigadas. Presos Um dos mortos é o sobrinho do líder da oposição, Mir Hossein Mousavi, e as autoridades temem que seu funeral, ainda nesta segunda-feira, motive novo protestos. Entre os 300 presos nas manifestações de domingo está outro político de destaque da oposição, Ebrahim Yazdi, segundo o site reformista Jaras. Yazdi foi ministro do Exterior depois da Revolução de 1979 e agora lidera o Movimento de Liberdade do Irã. De acordo com o canal de televisão estatal Press TV, também estão entre os presos membros do grupo de oposição Mujahideen do Povo, que está banido. Os protestos do domingo foram convocados pela oposição para coincidir com o fim das comemorações do Ashura, uma festividade muçulmana xiita. Em Teerã, centenas de milhares de manifestantes tomaram as ruas. Em outras cidades, a polícia usou cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo para conter os manifestantes. Filmagens feitas em telefones celulares mostram a multidão ateando fogo a motocicletas e carros da polícia, e a resposta dos policiais. Segundo fontes oposicionistas, os manifestantes gritavam "Khamenei será derrubado", numa referência ao líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Reações Nos Estados Unidos, a Casa Branca condenou o que chamou de "supressão injusta" dos protestos de domingo. "A esperança e a História estão do lado daqueles que buscam pacificamente ter seus direitos universais garantidos, assim como os Estados Unidos", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, Mike Hammer. O governo da França também criticou a violência. "As pessoas nas ruas estão apenas pedindo mais liberdade, mais democracia. A repressão por parte da polícia é inaceitável", afirmou à BBC um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês. A tensão no Irã vem se intensificando desde a morte do clérigo dissidente aiatolá Hoseyn Ali Montazeri, na semana passada, aos 87 anos. Seu funeral reuniu dezenas de milhares de simpatizantes pró-reforma. Os protestos do domingo foram os mais violentos desde o período após as eleições gerais, em junho, quando manifestantes da oposição foram às ruas para protestar contra a vitória do presidente Mahmoud Ahmadinejad.

 

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