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Confronto mata manifestante em Port Said, no Egito

Por YUSRI MOHAMED
Atualização:

Um homem foi baleado e morto na quinta-feira durante o quinto dia consecutivo de confrontos entre manifestantes e policiais na cidade egípcia de Port Said, em mais um incidente que mostra os problemas de segurança durante a turbulenta transição do país para a democracia. A cidade, no extremo norte do canal de Suez, tem tido turbulências desde janeiro, com protestos violentos pelas penas de morte impostas a pessoas de Port Said por seu envolvimento em um tumulto que matou mais de 70 pessoas em um estádio de futebol local no ano passado. Uma audiência judicial no sábado deve confirmar a pena capital aos 21 réus. Jovens cobrindo os rostos com máscaras cirúrgicas, lenços e capuzes atiraram pedras e fizeram gestos ofensivos a uma fileira de policiais, que usaram bombas de gás lacrimogêneo nas ruas cheias de detritos, como mostraram imagens do canal de TV Al Arabiya. Um porta-voz do Ministério da Saúde em Port Said disse à Reuters que um manifestante identificado como Karim Atout, de 33 anos, foi morto com um tiro na cabeça. Com isso, sobe a sete o número de mortos durante os protestos desta semana em Port Said - sendo três agentes das forças de segurança e quatro civis. Fontes de segurança na cidade disseram estar reforçando a proteção na prisão central e na sede da Autoridade do Canal de Suez à espera da audiência judicial de sábado. Os confrontos de quinta-feira já impediram que alguns funcionários de uma operadora de contêineres chegassem ao seu local de trabalho. Complicando a situação da segurança egípcia, greves de policiais se espalharam pelo país. Em uma base nos arredores de Ismailia, cerca de 70 quilômetros ao sul de Port Said, centenas de policiais se recusaram a trabalhar pelo segundo dia, exigindo mais armas, depois da morte de vários dos seus colegas em confrontos recentes. Os policiais fizeram greve também em Tanta, ao norte do Cairo, onde os agentes encarregados da vigilância em uma residência presidencial ocuparam um estádio desportivo para exigir imunidade judicial por suas ações no controle de distúrbios. Os grevistas disseram à agência de notícias Mena que não querem se envolver na crise política do país. Em Alexandria, segunda maior cidade egípcia, dezenas de policiais realizaram um protesto pacífico, também criticando tentativas de politização do seu trabalho, e gritando que "a polícia não está contra o povo", segundo a Mena.

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