Confrontos entre etnias chinesas deixaram 1.680 feridos

Pequim eleva o número de feridos nos confrontos; governo proíbe manifestações em Urumqi

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Por Efe e Associated Press
Atualização:

O governo da província chinesa de Xinjiang elevou para 1.680 o número de feridos pelos distúrbios entre chineses da semana passada, segundo informou neste domingo, 12, a agência de notícias estatal Xinhua. O número de mortos foi mantido em 184. O departamento de Segurança Pública de Urumqi, cidade que viveu há uma semana os piores incidentes étnicos na China há décadas, anunciou a proibição de "assembleias, e manifestações", sinal de que a localidade ainda vive em clima de tensão apesar da relativa volta à calma.

 

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A explosão na manhã deste domingo de um depósito de petróleo em uma refinaria do norte da cidade colocou as forças de segurança em alerta. Horas depois, no entanto, os militares asseguraram que o fato tinha sido um acidente, não um atentado terrorista. A proibição de assembleias e manifestações visa a prevenir enfrentamentos neste domingo, já que se espera que familiares de falecidos há uma semana lembrem os que morreram nos protestos. O governo advertiu que dispersará qualquer assembleia ilegal "fazendo uso dos meios que se considerar necessários", e fez uma alerta contra qualquer cidadão que mostre armas em público.

 

No dia 5 de julho, uma manifestação de uigures muçulmanos pedindo em Urumqi que se averiguasse um linchamento de membros de sua etnia em Cantão (sul da China) acabou em ataques desse grupo contra chineses da etnia Han. Isso marcou o começo de quatro dias de hostilidades entre uigures e hans, nos quais morreram 184 pessoas (três quartos delas hans, segundo as autoridades, que não esclareceram ainda quais dessas mortes aconteceram no dia 5 ou em datas posteriores).

 

A China culpa a organizações no exílio, principalmente o Congresso Mundial Uigur de Rebiya Kadeer, pelo começo dos distúrbios. A empresária, exilada nos Estados Unidos, nega toda relação com os incidentes e acusa o regime de ser o verdadeiro culpado pela instabilidade, por exercer há décadas uma política repressiva e discriminatória contra sua etnia, que representa 45% dos habitantes de Xinjiang (contra 40% de chineses han).

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Apesar do governo chinês negar toda discriminação de etnias como os uigures, a preocupação com o descontentamento desta minoria muçulmana levou o "número nove" na hierarquia comunista, Zhou Yongkang, a visitar este fim de semana as cidades de Kashgar e Hotan, no sul da região e centros da cultura e da religião uigur. Zhou, um dos nove membros do Comitê Permanente do Politburo comunista e o cargo de mais alta categoria a viajar para Xinjiang após os distúrbios, se reuniu com uigures destas localidades e prometeu que Pequim "fará mais esforços para melhorar os padrões de vida do povo no sul de Xinjiang".

 

Apoio dos vizinhos

 

A China obteve este fim de semana o esperado apoio de nações de Ásia Central cujos povos são aparentados com os uigures, tais como Casaquistão, Usbequistão e Quirguistão, países que também apresentam diversidade étnica e às vezes viveram tensões entre os diferentes povos que os formam.

 

Tal apoio chegou em forma de comunicado da Organização para a Cooperação de Xangai, da qual fazem parte esses três países, China, Rússia e Tajiquistão, no qual se mostrou o apoio a Pequim por sua luta contra "o terrorismo, o separatismo e o extremismo". "As medidas que o governo chinês está adotando, de acordo com a lei, restaurarão a paz e a ordem na região", disse no documento o secretário-geral da organização, Bolat Nurgaliev.

 

A declaração contrasta com a reação da Turquia, país que também compartilha laços culturais, linguísticos e históricos com Xinjiang e muitos países de Ásia Central, e cujo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, chegou a qualificar de "quase um genocídio" a atitude de Pequim com a etnia uigur.

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