Confrontos isolam brasileiros na embaixada no Congo

Tiroteios persistem e há rebeldes nas estradas de acesso à capital, diz embaixador

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Por Agencia Estado
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Violentos confrontos entre rebeldes e tropas do Exército da República Democrática do Congo isolaram nesta sexta-feira cerca de 20 pessoas na embaixada brasileira na capital, Kinshasa. De acordo com o embaixador Flávio Roberto Bonzanini, há entre os sitiados pelo menos 17 funcionários, dois congoleses e um português. O grupo tenta manter a tranqüilidade e tem comida ainda para alguns dias, informou Bonzanini pelo telefone ao Portal Estadão.com.br. Segundo ele, o Exército tenta tomar a capital, mas ainda há rebeldes montando guarda na entrada e saída de Kinshasa, com violência constante, barulhos de tiros e sinais de fumaça. Cerca de 50 brasileiros residem no Congo e estão bem, mas impossibilitados de sair de suas casas, devido a um toque de recolher em vigor no país desde que os tiroteios recomeçaram na quarta-feira, dia 21. Nos últimos três dias de combate na capital, pelo menos 60 pessoas morreram e 49 ficaram feridas. Não há brasileiros entre as vítimas. Desde o início do mês, gangues ligadas ao senador e ex-vice presidente Jean-Pierre Bemba enfrentam militares oficiais. Bemba foi candidato à Presidência nas últimas eleições, em 29 de outubro de 2006, sendo derrotado pelo atual presidente congolês, Joseph Kabila. Segundo André José, funcionário da embaixada no Congo, os brasileiros estão nervosos com a situação, pois ouve-se constantemente o soar de tiros. "Esperamos um possível resgate até amanhã (sábado)". Em nota, o governo brasileiro informa acompanhar com apreensão a situação em Kinshasa, expressando "firme expectativa de que as hostilidades sejam suspensas, em benefício da continuidade do processo institucional da República Democrática do Congo, refletido no fim do Governo de Transição e na eleição presidencial de 2006". Exército tenta controlar a capital O chefe das Forças Armadas congolesas, general Kisempia Sungilanga Lombe, assegurou na noite desta sexta à rádio local Okapi que o Exército tomou o controle da capital, mas que ainda não neutralizou por completo os rebeldes, que se dispersam pela cidade. William Swing, chefe Missão das Nações Unidas no Congo (MONUC), está mediando a situação e busca alcançar um cessar-fogo. Segundo agências internacionais, 94 membros dos grupos de Bemba se entregaram a soldados da ONU. Tropas multinacionais estão no Congo desde 1999 sob o regimento do Capítulo VII da Carta da ONU, sendo autorizados a utilizar "todos os meios necessários" para garantir a segurança no país. A ONU possui no Congo o maior número de capacetes-azuis em missões de paz pelo mundo: são 17 mil efetivos. A guerra no Congo, que envolveu seis Forças Armadas, vários grupos rebeldes e muitas milícias, durou de 1998 a 2003 e deixou cerca de 4 milhões de mortos. A nova crise teve início dia 6 de março, quando o governo comunicou ao ex-vice-presidente Bemba que deveria abrir mão de sua guarda pessoal e reintegrá-la ao Exército regular. Horas depois os tiroteios recomeçaram no país, sendo que Bemba refugiou-se na África do Sul, temendo ser morto por militares.

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