25 de maio de 2011 | 22h45
O recrudescimento dos confrontos no Iêmen forçou, segundo relatos, o fechamento temporário do aeroporto da capital, Sanaa, nesta quarta-feira.
Os confrontos se estendiam ao longo da noite, enquanto as forças de segurança reprimiam clãs tribais que protestavam contra o governo do presidente Ali Abdullah Saleh e que tomaram o controle de diversos edifícios públicos na cidade. Muitos dos conflitos aconteceram perto do aeroporto.
Os voos ao Iêmen tiveram de ser redirecionados à cidade de Aden, segundo autoridades.
Na noite desta quarta, havia relatos de trocas de tiros e bombardeios em áreas residenciais de Sanaa.
Além disso, milhares de manifestantes antigoverno tomaram as ruas do país ao longo do dia - o Iêmen é um dos países árabes que enfrentam levantes populares pró-democracia, inspirados na Tunísia e no Egito.
Acredita-se que os confrontos tenham deixado cerca de 60 mortos desde segunda-feira, quando tropas leais a Saleh avançaram contra o complexo que abriga Sadeq al-Ahmar, líder do poderoso clã tribal Hashid.
Testemunhas dizem que centenas de pessoas estão abandonando Sanaa, com medo da onda de violência.
No último domingo, Saleh - que governa o Iêmen desde 1978 - se recusou a assinar um acordo, mediado por países do golfo Pérsico, que previa sua saída do poder no prazo de um mês.
Pressão internacional
Nesta quarta, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que Saleh deveria "avançar imediatamente em seu compromisso de transferir o poder" do país.
Mas o presidente desafiou a pressão internacional e declarou, por meio de seu porta-voz, que "não deixará o poder e não deixará o Iêmen", porque se recusa a permitir que seu país vire um "Estado falido".
Enquanto isso, as tropas governamentais patrulhavam os prédios de Sanaa para impedir a entrada dos apoiadores de al-Ahmar.
O correspondente da BBC News Sebatian Usher diz que, a entrada em cena dos líderes tribais parece levar a crise iemenita para uma nova fase.
"As poderosas redes tribais vinham se mantendo afastadas dos conflitos. A manutenção de seu apoio, ou ao menos de sua neutralidade, é vital para a sobrevivência de Saleh no poder", diz Usher.
Agora, em meio a confrontos entre clãs e tropas governamentais, aumenta o perigo de que o país seja assolado por uma guerra civil.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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