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Congresso aprova gabinete indicado por presidente do Peru

Decisão vem após semanas de incertezas sobre o novo governo; chefe do Conselho de Ministros, Guido Bellido, afirmou que objetivos imediatos são derrotar a pandemia e reativar a economia do país

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Por Redação
Atualização:

LIMA - O Congresso do Peru, dominado pela oposição de direita, concedeu nesta sexta-feira, 27, um voto de confiança ao gabinete ministerial do novo presidente do país, o esquerdista Pedro Castillo.

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Após um intenso debate iniciado na quinta-feira, o gabinete chefiado pelo engenheiro Guido Bellido obteve 73 votos a favor e 50 contra, sem abstenções. Eram necessários 63 para garantir sua sobrevivência.

Ao superar o primeiro obstáculo de seu mandato, iniciado há um mês, Castillo agradeceu no Twitter ao Congresso e afirmou que "a busca de consensos nos permitirá governar juntamente com o povo e pelo desenvolvimento de políticas públicas em caráter social". 

Se o voto tivesse sido rejeitado, Castillo precisaria nomear outro primeiro-ministro, em substituição a Guido Bellido, e reformar o gabinete, o que atrasaria sua agenda e aprofundaria a incerteza que ronda o Peru desde o começo do ano.

As bancadas dos partidos Renovação Popular, ultraconservador, e Força Popular, de direita, populista e chefiado por Keiko Fujimori, candidata derrotada por Castillo, votaram em peso contra o novo gabinete.

O chefe do Conselho dos Ministros do Peru, Guido Bellido, discursa após deixar o Congresso Foto: Ernesto Benavides/AFP

Acusações

Bellido é acusado de misoginia e homofobia, além de ser investigado por apologia ao terrorismo, após declarações defendendo o Sendero Luminoso, guerrilha que atuou na década de 80. O premiê nomeado nega qualquer apologia ao terror. 

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No debate, o legislador fujimorista Eduardo Castillo pediu que o Congresso não desse o voto de confiança a "um gabinete altamente questionado, ligado a grupos de fachada do Sendero Luminoso."

A acusação de terrorismo levou à primeira baixa do governo Castillo. Héctor Béjar, nomeado chanceler, afirmou em 2020 que a Marinha foi responsável pelos anos de terror no Peru, e não o Sendero. Béjar renunciou e, em seu lugar, o presidente nomeou Oscar Maúrtua, diplomata de carreira sem laços com partidos – um nome criticado por boa parte dos que apoiaram Castillo.

Uma das acusações mais sérias é contra o ministro do Trabalho, Iber Maraví. Ele foi dirigente sindical da cidade de Ayacucho e teve envolvimento com ações do Sendero. 

O ministro do Interior, Juan Carrasco, é acusado de ter aceitado o cargo antes de deixar a função de promotor. Segundo as denúncias, não existe uma resolução da Junta Nacional de Justiça (JNJ) cancelando o título de magistrado do Ministério Público de Carrasco. A Constituição proíbe que promotores intervenham na política. Carrasco garante ter enviado uma carta de renúncia, em julho, mas analistas dizem que ela só entra em vigor após ser aceita pela JNJ. Até agora o governo não se pronunciou sobre a situação. 

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Governabilidade

O resultado positivo veio apesar da pouca simpatia que o Peru Libre atrai entre os membros do congresso. A decisão foi interpretada como um triunfo da governabilidade sobre a polarização, um respiro para um governo que veio de eleições conturbadas e enfrentou problemas desde o seu primeiro dia.

Em seu discurso ao Congresso, Bellido expôs os planos para o governo. "Os objetivos imediatos são derrotar a pandemia provocada pela covid-19 e reativar nossa economia", disse, sem mencionar a principal promessa eleitoral de Castillo, a convocação de uma assembleia constituinte, proposta que enfrenta resistência de seus adversários políticos.  /AFP

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