Congresso cobra Hillary por falhas na Líbia

Prestes a deixar cargo em 2º mandato de Obama, secretaria de Estado fala sobre ataque terrorista que matou embaixador em consulado de Benghazi

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Por Denise Chrispim Marin , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

Quatro meses depois do ataque ao Consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, a secretária de Estado, Hillary Clinton, será ouvida hoje em duas comissões do Congresso sobre falhas na segurança, a versão inicialmente apresentada pelo governo para o ataque e sua responsabilidade no episódio. Será um dos últimos atos de Hillary no cargo. Ela será substituída pelo senador John Kerry, que será sabatinado no Congresso na próxima semana.O ataque de 11 de setembro de 2012, 11 anos depois do ataque da Al-Qaeda a Nova York e Washington, resultou na morte do então embaixador americano na Líbia, Christopher Stevens, e de outros três agentes a serviço do Departamento de Estado. A audiência de Hillary nos comitês de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados e do Senado estava marcada para dezembro, mas foi adiada por seus problemas de saúde. Ela sofreu uma queda e também foi hospitalizada para tratar um coágulo na cabeça. Hillary já havia pedido ao presidente Barack Obama para não continuar no cargo no segundo mandato. Ontem, o senador Bob Corker, líder republicano no comitê do Senado, avisou que não permitirá uma fácil audiência para Hillary. Ele defendeu uma revisão "de cima para baixo" no Departamento de Estado e avisou ter muitas questões sobre as políticas do governo de Obama para lidar com os grupos ligados à Al-Qaeda no Norte da África. O recente sequestro de funcionários de uma usina de gás na Argélia, no qual três americanos morreram, será outro tópico.A primeira versão do governo para o ataque em Benghazi foi a de que uma manifestação espontânea contra um vídeo anti-Islã, feito nos EUA, havia extrapolado em violência. Dias depois, com a constatação de que haviam sido usadas granadas de mão, fuzis, granadas de morteiros e outras armas pesadas, tornou-se evidente a ação de terror.O relatório de uma auditoria independente, divulgado em outubro, apagou as dúvidas restantes sobre o caráter terrorista do ataque. Na época, Hillary assumiu a responsabilidade pelo episódio e, com isso, aliviou o peso sobre os ombros de Obama, que estava na reta final de sua campanha para a reeleição. "Eu assumo a responsabilidade. Eu estou a cargo dos mais de 60 mil servidores do Departamento de Estado em todo o mundo", afirmou na ocasião.Apontada como potencial candidata à Casa Branca na eleição de 2016, Hillary não queria deixar o governo antes de resolver essa questão no Congresso. Ontem, o presidente Obama concluiu os rituais de posse de seu segundo mandato na Catedral Metropolitana de Washington e, de noite, em um baile para os funcionários da Casa Branca. O culto na catedral anglicana foi ecumênico, com a presença de sacerdotes de várias denominações cristãs, islâmicos, judeus, sikhs e de 2.200 pessoas. Obama estava acompanhado pela primeira-dama, Michelle, e pelo vice-presidente, Joe Biden, e sua família.

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