Congresso da Colômbia vai investigar vínculo de Santos com Odebrecht

Procuradoria suspeita que campanha de reeleição do presidente recebeu no caixa dois 1 milhão de euros

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Caso Odebrecht dominou bastidores de agenda bilateral entre Juan Manuel Santos e Rafael Correa Foto: Presidência do Equador/Divulgação

BOGOTÁ - O Congresso da Colômbia abriu nesta quarta-feira, 15, instaurou uma comissão para investigar a relação do presidente Juan Manuel Santos com o escândalo de propinas da Odebrecht, após a procuradoria-geral ver indícios de que a campanha de reeleição dele, em 2014, recebeu 1 milhão de euros ilícitos.

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Esta comissão é formada por 15 deputados, divididos de acordo com a proporcionalidade das legendas no Congresso, de maioria governista. Ela é o único organismo com capacidade de julgar o presidente. Nunca nenhum mandatário teve contra si acusação formulada.

Caso a comissão formalize uma acusação contra Santos e o Congresso aprovar o relatório final, o Senado vota o impeachment do presidente.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) iniciou em 2 de fevereiro uma investigação sobre o financiamento da campanha de Santos em 2014, quando ele foi reeleito para mandato de quatro anos.

A Procuradoria anunciou na terça-feira, 14, que o dinheiro que supostamente foi recebido pela equipe de Santos era uma parte dos US$ 4,6 milhões que o ex-senador encarcerado Otto Bula teria aceitado de suborno da Odebrecht. A propina teria sido direcionada a Andrés Giraldo, funcionário da campanha de Santos.

Dano. Ao comentar a formação da comissão, Juan Manuel Santos pediu celeridade nas investigações. "Oxalá que esse escrutínio seja feito com a maior severidade para esclarecer a situação", afirmou.

Ele também disse que a informação de que a campanha dele teria recebido dinheiro de propina da Odebrecht, revelada pela procuradoria do país e negada pelo ex-senador Otto Bula em carta ao CNE nesta terça, causou danos à imagem do governo.

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"É muito importante que este testemunho (de Otto Bula) seja levado em consideração, porque o dano inicial foi feito, o dano inicial deu a volta ao mundo e foi um dano que respingou no governo, não nas instituições", disse o presidente colombiano na cidade equatoriana de Guayaquil, onde participou de agenda bilateral com seu homólogo do Equador, Rafael Correa.

No encontro, Correa atacou a oposição no país, que, segundo ele, usa supostos casos de corrupção para prejudicar a campanha presidencial. "São distorções que sempre existem no período eleitoral", afirmou. Os equatorianos vão às urnas no domingo, 19.

O presidente do Equador, no poder desde 2007, assegurou que seu país tem "tolerância zero" com a corrupção, embora tenha reconhecido que isso não significa que não pode haver casos "minoritários" de funcionários públicos desonestos.

Em dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a Odebrecht admitiu ter pago propinas a políticos e funcionários públicos de mais de uma dezena de países. No Equador, a quantia foi de US$ 33,5 milhões, entre 2007 e 2016. Na Colômbia, o valor dos subornos chega a US$ 11,1 milhões, recebidos entre 2009 e 2014. / AP e AFP

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