Congresso deve aceitar proposta sobre caso dos procuradores

Declaração foi dada pelo presidente George W. Bush sobre oferta da Casa Branca

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Congresso dos Estados Unidos deve aceitar uma oferta da Casa Branca para resolver a disputa sobre a demissão de oito procuradores federais, caso a entidade quiser evitar uma crise institucional, frisou neste sábado, 24, o presidente do país, George W. Bush. Durante o tradicional discurso radiofônico transmitido aos sábados, Bush voltou a sair em defesa do secretário de Justiça e procurador-geral Alberto Gonzales, que enfrenta grandes pressões para renunciar, após o escândalo das demissões dos procuradores. A oposição democrata, e pelo menos dois republicanos, questionaram abertamente a credibilidade de Gonzales, que reiterou não estar diretamente envolvido na demissão dos procuradores, ocorrida em dezembro de 2006. Nesta semana, Bush propôs ao Congresso que seu assessor político, Karl Rove, e a então assessora legal da Casa Branca, Harriet Miers, além dos subordinados diretos de ambos, falassem sobre o caso diante dos parlamentares, mas a portas fechadas e sem que as declarações fossem feitas em juízo. A oposição democrata rejeitou a oferta, por considerar que as declarações devem ser juramentadas e registradas."Os membros do Congresso têm uma opção: desperdiçar o tempo e provocar um confronto desnecessário, ou se unirem a nós para trabalhar nos assuntos de interesse do povo. Temos que deixar de lado a politicagem, e trabalhar juntos em leis que beneficiem os americanos", insistiu. O Departamento de Justiça dos EUA divulgou ontem à noite um relatório de 283 páginas que, entre outras coisas, indicava que Gonzales se reuniu com seus assessores em 27 de novembro de 2006, para revisar os detalhes de um plano para demitir vários procuradores federais. A revelação contraria as declarações feitas por Gonzales, que dizia não estar envolvido "em nenhuma discussão" sobre a demissão dos procuradores. "Não estive envolvido na revisão de documentos, não estive envolvido em nenhuma discussão sobre o que ocorria", disse Gonzales, em entrevista coletiva, no dia 13 de março. Silêncio rompido O senador republicano Orrin Hatch rompeu neste sábado o silêncio sobre o escândalo, e disse em comunicado que Gonzales "sempre foi direto e honesto". "Por isso, ao menos que haja provas claras de que o procurador-geral deliberadamente mentiu ou enganou o Congresso, não vejo nenhuma razão para pedir sua renúncia", disse Hatch, eleito pelo estado de Utah. No entanto, o presidente do Comitê Judicial do Senado, o democrata Patrick Leahy, disse que os documentos divulgados nesta sexta-feira pelo Departamento de Justiça só demonstram "a crescente distância" entre as explicações dadas pelo Governo e os fatos que estão aparecendo. Os democratas insistem que a demissão dos procuradores teve motivações políticas, após a revelação de que alguns republicanos pressionaram os procuradores para que eles agilizassem as investigações de fraude eleitoral contra políticos democratas, antes das eleições legislativas de 7 de novembro. Por outro lado, o Governo reitera que os procuradores foram demitidos pelo mau desempenho profissional. O Departamento de Justiça, que frisou hoje que Gonzales não tem planos de deixar o cargo, iniciou uma investigação interna para determinar se foram cometidas irregularidades nas demissões. Embora ainda não haja data, a previsão é de que Gonzales compareça ao Congresso para prestar contas sobre a demissão dos oito procuradores federais, que são nomeados pelo Executivo para um período de quatro anos e que, segundo a Casa Branca, estão "a serviço" do presidente.

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