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Congresso do Equador é esvaziado após protesto pró Correa

Manifestantes reivindicavam a instauração de uma Assembléia Constituinte

Por Agencia Estado
Atualização:

O Congresso do Equador teve que ser esvaziado nesta terça-feira depois que centenas de simpatizantes do presidente recém empossado, Rafael Correa, cercaram o prédio para reivindicar a convocação de uma consulta popular para a instauração de uma Assembléia Constituinte no país. Alguns dos participantes do protesto entraram em confronto com a polícia. Os deputados tiveram que deixar o Congresso às 11h40 (14h40 de Brasília), protegidos por policiais. Após a saída dos legisladores, vários estudantes jogaram garrafas, pedras e pedaços de pau contra o Congresso. Alguns enfrentaram a polícia e entraram no edifício do Legislativo, de onde foram tirados minutos depois por agentes que tiveram que usar bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. A fotógrafa Cecilia Puebla, da agência EFE, ficou ferida durante o incidente, e teve que ser levada para um hospital. A confusão acontece no mesmo dia em que o Congresso iniciou uma sessão para analisar a documentação enviada pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) sobre a convocação de uma consulta popular para instauração da Assembléia Constituinte. A proposta havia sido enviada ao TSE pelo governo no último dia 15. Uma hora depois do começo da sessão, entretanto, manifestantes vindos do Parque do Arbolito - local em que se concentraram seguidores de grupos políticos, sociais, indígenas e estudantes partidários do governo de Correa - começaram a chegar à região do Congresso. Os manifestantes cantavam slogans contra os deputados e a favor de uma nova Constituinte. Diante da situação, o presidente do Congresso, Jorge Cevallos, decidiu finalizar a sessão, para "garantir a segurança física dos deputados", que deixaram o local por uma saída de serviço para evitar novos incidentes. Os deputados da oposição culparam o ministro do Interior, Gustavo Larrea, pelo ocorrido. Federico Pérez, deputado e líder da oposição ao recém-empossado presidente, disse que "houve um tumulto incrível promovido pelo governo". Os parlamentares também criticaram o governo pela situação de "anarquia" e "instabilidade" na qual, segundo eles, vive o país. Já no TSE, os sete juízes que votariam nesta terça-feira a possível devolução de direitos políticos ao ex-presidente Lúcio Gutiérrez suspenderam a sessão e deixaram o prédio do tribunal diante do risco de que os manifestantes se dirigissem ao local. Os manifestantes querem que o Congresso autorize o referendo em 18 de março, abrindo caminho para uma Assembléia Constituinte que, segundo Correa, reduziria a influência dos desgastados partidos tradicionais sobre as instituições. O nacionalista Correa sofreu nesta semana sua primeira derrota política, quando a Corte Eleitoral rejeitou seu pedido para realizar uma consulta popular para resolver a instalação de uma Assembléia Constituinte, deixando o caso nas mãos do Congresso, onde Correa tem escasso apoio. "O povo tirou o Congresso. Os ratos já não estão, já não voltarão a entrar. A Constituinte deve ser feita para que saiam esses ladrões", disse um dos manifestantes, que chegaram a ser reprimidos com gás lacrimogêneo. Correa afirmou que os incidentes foram provocados pela Justiça Eleitoral e pelos cem deputados por sua recusa em permitir o referendo. Ele disse que apóia os protestos desde que sejam pacíficos. "O governo manifesta que defenderá sempre a liberdade de manifestação dos cidadãos, mas quer ratificar sua rejeição a qualquer forma de violência", disse a porta-voz presidencial Mónica Chuji. Na hora da invasão, os deputados se preparavam para votar o pedido de convocação do referendo, mas a sessão foi suspensa. O presidente do Congresso, Jorge Cevallos, afirmou que a polícia ficou "imóvel" diante dos manifestantes. Texto ampliado às 21h37

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