Conheça 5 dos novos políticos pró-democracia eleitos em Hong Kong

A vitória arrebatadora dos candidatos anti-China nas eleições distritais levará uma classe política mais nova aos conselhos

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Por Redação
Atualização:

HONG KONG - As eleições locais para o conselho distrital de Hong Kong levaram os políticos alinhados à China a uma de suas maiores derrotas desde que o território semiautônomo retornou ao controle chinês, há 22 anos.

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Dezenas de políticos veteranos foram substituídos por uma leva de novatos, muitos deles inspirados para entrar na vida política com os protestos antigoverno. Dos 452 assentos em disputa, 351 foram conquistados por candidatos críticos ao domínio chinês. 

Os conselhos distritais são órgãos locais que não possuem o mesmo poder do Parlamento, mas mesmo assim os resultados foram vistos como um endossamento do apoio público à continuidade dos protestos. 

Conheça cinco dos novos conselheiros distritais de Hong Kong: 

Candidatos pró-democracia eleitos para os conselhos distritais em frente ao campus da Universidade Politécnica de Hong Kong, um dia após saírem vitoriosos Foto: Lam Yik Fei/The New York Times

Lucifer Siu

Siu, de 40 anos, assumiu a imagem de manifestante em sua campanha. Uma das fotos de campanha mostra ele vestindo um capacete amarelo, óculos de proteção e uma máscara de gás. Siu estende os dedos para representar as demandas dos protestos, incluindo o chamado para uma investigação que apure o uso da força pela polícia, anistia a manifestantes presos e a expansão da democracia. 

Siu disse que concorreu às eleições pela sua filha de dois anos, mas não esperava ganhar. "Eu não sou um super-homem, nem um assistente social, nem alguém que fala pelas pessoas", escreveu em sua conta no Facebook. "Mas espero que os outros possam se defender, e eu quero criar uma plataforma para dar aos outros uma plataforma para se pronunciarem". 

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Jocelyn Chau

Chau, de 23 anos, que trabalha como uma gerente de relacionamentos em um banco em North Point, distrito da ilha de Hong Kong, foi presa em agosto enquanto fazia uma transmissão ao vivo de um protesto, mas ela nunca foi denunciada. 

Consequentemente, ela começou a receber telefonemas com ameaças e foi empurrada e acertada com golpes na cabeça enquanto fazia sua campanha em outubro, sendo uma das candidatas de ambos os lados políticos que foi agredida durante a campanha. 

Ela condenou as autoridades por terem falhado em responder adequadamente aos episódios de violência durante a campanha. "Nós somos pessoas inocentes que foram atacadas", disse. 

Chau derrotou o político veterano Hui Ching On, de 53 anos, um consultor financeiro que estava no cargo desde 1999. O canal de notícias HK01 mostrou que nos últimos quatro anos, Hui somente falou por 80 segundos durante reuniões do conselho distrital.  

Jimmy Sham

Sham, de 32 anos, é mais um candidato que foi agredido durante a campanha. Ele foi atacado por um grupo de homens com martelos, no mês passado, e ainda utiliza bengalas para caminhar. 

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Como um dos líderes da Frente Civil dos Direitos Humanos, um grupo que agrega organizações pró-democracia, Sham ajudou a organizar diversas caminhadas pacíficas de grandes proporções. 

Ele já havia sido atacado em agosto, em um dia em que a polícia anunciou que estava anulando uma manifestação que havia sido agendada. 

Jimmy Sham, líder da Frente Civil de Direitos Humanos, ainda anda de muletas após ter sido agredido por policiais durante os protestos em Hong Kong Foto: Lam Yik Fei/The New York Times

Ray Chan, um congressista gay pró-democracia, comemorou a vitória de Sham, que também é homossexual, em um dia em que políticos governistas que haviam se oposto a casamentos entre pessoas do mesmo sexo, e que fizeram comentários homofóbicos, perderam seus postos no conselho distrital. 

Sham afirmou que o fato de ter ganho um assento na corrida distrital reflete uma vontade maior para liberdades cívicas em Hong Kong. "Nós estamos tentando escutar as demandas do povo e lutar pelos seus direitos", disse. 

Cathy Yau

As críticas à atuação policial e o uso de força para conter os protestos foram questões que alavancaram o movimento pró-democracia. Poucos abraçaram a causa mais do que Yau, de 36 anos, que é ex-policial, mas se demitiu neste ano após mais de uma década na instituição. 

"Neste ano, eu decidi tirar o meu uniforme e meus equipamentos, e me aliar ao povo de Hong Kong", disse ao anunciar sua campanha. Yau derrotou Yolanda Ng, que estava no conselho desde 2007 e fez uma campanha sem adversários fortes há quatro anos. 

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Cathy Yau, ex-policial e candidata vitoriosa nas eleições distritais de Hong Kong, em setembro de 2019 Foto: Lam Yik Fei/The New York Times

"A força policial de Hong Kong se tornou uma ferramenta política", escreveu Yau na semana passada, acrescentando que "a brutalidade policial e detenções indiscriminadas claramente ilustraram a relação inseparável entre a política e a sociedade". 

Chan Tsz-wai

Com a sua introdução à candidatura escrita à mão, Chan, um estudante de 27 anos, mostrou que era um político novato sem um histórico forte. Mas, apesar da sua inexperiência, ele derrotou Chris Ip, de 39 anos, uma figura proeminente na Aliança Democrática para a Melhora e Progresso de Hong Kong, o maior pertido pró-Pequim. 

Ip, que foi o presidente do conselho distrital de Yau Tsim Mong, se tornou um alvo dos manifestantes em julho, após ter bloqueado o debate do projeto de lei de extradição, que incitou o início dos protestos. / NYT

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