
22 de maio de 2019 | 11h33
BRUXELAS - O que um refugiado da Somália, um bisneto de Mussolini e uma transexual polonesa têm em comum? Estes são apenas alguns dos personagens que estão disputando as eleições do Parlamento Europeu, cuja votação começará na quinta-feira. Conheça cada um deles abaixo.
Em 2015, no ápice da crise grega, ele era praticamente inimigo do ministro alemão de Finanças, Wolfgang Schäuble, que exigia a Atenas cortes drásticos em troca de empréstimos. Quatro anos depois, Yanis Varoufakis se lançou candidato nas eleições europeias, mas em Berlim.
O economista de 58 anos lidera o Democracia na Europa, partido político alemão que faz parte do movimento transnacional e antissistema DiEM25, o qual Varoufakis ajudou a lançar no início de 2016.
Com menos de 1% das intenções de voto, o ex-ministro de Finanças optou pela Alemanha e suas regras eleitorais mais favoráveis, que não preveem um limite mínimo a ser alcançado no sistema eleitoral proporcional.
O partido de Varoufakis luta por um “New Deal verde” e pela transmissão de todas as reuniões dos dirigentes europeus e do Banco Central Europeu (BCE) - visto por muitos gregos como o responsável pela política de austeridade de seu país nos últimos anos.
Caio Giulio Cesare - Cayo Julio César, em espanhol - é o segundo descendente de Benito Mussolini que lança candidatura ao Parlamento Europeu, depois de Alessandra, eurodeputada desde 2014 e neta do ditador.
Bisneto de Mussolini, Cesare é um ex-oficial da Marinha de 51 anos. Ele nasceu na Argentina e é o 10.º na lista do partido ultradireitista Irmãos da Itália.
Embora seja uma tarefa difícil ele conseguir se eleger, Cesare tem como prioridades fechar a sede do Parlamento em Estrasburgo, vista por ele como “um desperdício”, e dar mais poder aos membros do órgão.
Magid Magid, nascido na Somália e com 29 anos de idade, se refugiou no Reino Unido quando era criança e cresceu em um bairro pobre da cidade industrial de Sheffield, no norte do país.
O candidato pelo Partido Verde quer se tornar a voz dos jovens e dos refugiados, mesmo que suas chances de ser eleito sejam muito baixas.
Em campanha recente em Londres, ele vestiu uma camiseta com a frase “Imigrantes Tornam o Reino Unido Grande”. O instinto de Magid para a chamar a atenção para as causas que defende ficou evidente em 2017, quando participou da meia maratona de Sheffield com uma fantasia de árvore para protestar contra a política local.
O ex-vice-líder independentista catalão Oriol Junqueras, em prisão preventiva na Espanha, é o chefe dos regionalistas europeus nos comícios e, portanto, seu candidato simbólico à presidência da Comissão Europeia.
O professor de 50 anos, que cumpre pena de 25 anos de prisão pela tentativa de independência da Catalunha, em outubro de 2017, conhece o Parlamento Europeu, já que foi eurodeputado de 2009 a 2011.
Visto como o grande rival de Carles Puigdemont por liderar o independentismo catalão, Junqueras se beneficia de certa aura de mártir por não ter saído da Espanha, como o primeiro, que vive na Bélgica e também cogita se tornar eurodeputado.
As pesquisas dão à coalizão de esquerda liderada por Junqueras entre dois a três eurodeputados, mas ele deve renunciar ao cargo se quiser manter sua ata no Congresso dos Deputados da Espanha, para o qual foi eleito em abril.
Anna Grodzka já entrou para a história da Polônia. Em 2011, ela se tornou a primeira deputada transexual do país de maioria católica. Aos 65 anos, ela tenta ingressar no Parlamento com o pequeno partido de esquerda Razem, mas tem poucas chances, já que não lidera a lista e as intenções de voto para ela são baixas.
Nascida com o nome Krzystof, ela disse que entendeu rapidamente que seu corpo não correspondia à sua identidade. Aos 11 anos, se referia a si mesma como Anna em seu diário.
Quando ainda era homem, se casou com uma mulher, com quem teve um filho. Divorciou-se em 2007, iniciando sua transição de gênero.
Anna participou da criação da Trans-Fuzja, uma fundação que aconselha os transexuais e apoia o movimento LGTB. / AFP
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