Conheça os principais líderes opositores da Venezuela

Depois de a Justiça venezuelana tornar inelegíveis nomes como Lepoldo López e Henrique Capriles, e forçar outros como Antonio Ledezma e Julio Borges a se exilarem, aposta para derrubar Nicolás Maduro está no novo presidente do Parlamento, Juan Guaidó

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Por Redação
Atualização:

CARACAS - O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó, se declarou nesta quarta-feira, 23, presidente interino do país e foi reconhecido, minutos depois, pelo presidente americano, Donald Trump, lançando ainda mais dúvidas em relação ao futuro país Sul-americanos.

Guaidó, um político novo e até pouco tempo quase desconhecido no país, é a principal aposta da oposição venezuelana depois de os nomes mais conhecidos serem forçados ao exílio ou inabilitados pela Justiça.

Juan Guaidó é ovacionado por milhares de venezuelanos depois de se declarar presidente interino do país Foto: EFE/ Cristian Hernandez

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Conheça os principais líderes da oposição ao chavismo:

• Juan Guaidó

Até o começo de 2019, poucas pessoas conheciam Juan Guaidó. Presidente da Assembleia Nacional (o Legislativo venezuelano) desde 5 de janeiro, o político de 35 anos estudou engenharia na Universidade Católica de Caracas e fez pós-graduação em gestão pública na universidade de George Washington, nos Estados Unidos, e no Instituto de Estudos Superiores de Administração da capital venezuelana.

Hoje ele é figura essencial para a oposição em confronto com o presidente Nicolás Maduro, considerado por vários “ditador”. Para alguns de seus detratores, no entanto, ele é inexperiente e com discurso ambíguo, enquanto outros o veem como um construtor de consensos, grande organizador e integrante da nova geração política que surgiu após os protestos estudantis de 2007.

Até antes de ser eleito para a Assembleia Nacional, estudava e colaborava politicamente com Leopoldo López, líder da oposição atualmente em prisão domiciliar (leia mais abaixo). O jovem deputado não gosta que o vejam como um político sem experiência e diz com orgulho que foi, junto de López há mais de uma década, um dos fundadores do partido Voluntad Popular. 

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Guaidó teve uma carreira de nove anos na Assembleia Nacional, cinco deles como deputado suplente (2011-2015) e quatro como titular. No Congresso, foi presidente da Comissão de Controladoria em 2017 e líder da oposição em 2018. 

• Leopoldo López

Sob prisão domiciliar desde 2017 cumprindo uma pena de quase 14 anos por promover protestos em 2014 que terminaram com 43 mortos, Leopoldo López foi o principal rosto da oposição venezuelana na primeira grande onda de protestos contra Maduro.

Lepoldo López cumpre prisão domiciliar após ser condenado a 14 anosde prisão por incitar protestosque resultaram em dezenas de mortes Foto: REUTERS/Andres Martinez Casares

Em 2015 o ex-procurador Franklin Nieves, que acusou López, disse que o processo para condená-lo foi uma farsa orquestrada por Maduro. Em 2018, a chavista dissidente e ex-procuradora-geral Luisa Ortega Díaz denunciou que sofreu pressões de Diosdado Cabello para acusar o líder opositor por duas mortes - a condenação de López no entanto, continua em vigor.

Antes de fundar o Voluntad Popular, López participou da criação do Primero Justicia e por um breve período também fez parte do Un Nuevo Tiempo (UNT).

• Henrique Capriles

Político que chegou mais perto de derrotar o chavismo na urna em duas ocasiões - em 2012, contra Hugo Chávez, teve 44,31% dos votos; em 2013, contra Maduro, ficou com 49,12% -, Henrique Capriles já foi presidente da Assembleia Nacional, prefeito de Baruta em dois mandatos (2000-2008) e governador do Estado de Miranda também em duas ocasiões (2008-2017).

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Líder do Primero Justicia, em 2017 foi inabilitado pela Controladoria venezuelana para exercer qualquer cargo público por um período de 15 anos. Posteriormente, no entanto, a Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu uma circular que o qualificava a retornar para a política, mas que não foi reconhecida por Caracas.

Henrique Capriles disputouduas vezes a presidência venezuelana: contra Chávez e Maduro; atualmente, ele está inelegível Foto: REUTERS/Carlos Garcia Rawlins

À frente da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Capriles foi um dos responsáveis pelo boicote à eleição da Assembleia Constituinte, em 2017. Ele não participou da eleição de governadores, em 2017, e da eleição presidencial de 2018 - vencida por Maduro - em razão da inabilitação política.

• Antonio Ledezma

Ex-prefeito de Caracas, Antonio Ledezma fugiu do país e buscou asilo na Espanha em 2017 depois de passar quase dois anos em prisão domiciliar sob alegação de tentar organizar um golpe contra Maduro - ele nunca foi julgado neste caso.

"Vou dedicar-me a viajar pelo mundo, contribuirei no exílio para ser uma extensão da esperança dos venezuelanos de sair deste regime, esta ditadura", disse Ledezma quando chegou à Espanha.

Antonio Ledezma, ex-prefeito de Caracas, fugiu para a Colômbia e de lá para a Espanha após passar 1002 dias preso na Venezuela Foto: REUTERS/Guadalupe Pardo

Desde então, tem ido a vários países para denunciar a "ingerência humanitária" em seu pais e pedir apoio a um governo de “transição”.

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