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Conselheiro de Bush na recontagem da eleição de 2000 diz que Trump não deve interromper apuração

Ex-secretário de Estado dos EUA, James Baker liderou os times jurídico e político na batalha pela recontagem dos votos na Flórida no ano 2000, que acabou por garantir a eleição de George W. Bush

Por Peter Baker
Atualização:

Washington - A Casa Branca diz que procura uma figura como James Baker para liderar a batalha judicial pós-eleição que busca um novo mandato para o atual presidente Donald Trump. Mas o James Baker de verdade diz que a Casa Branca deveria parar de tentar impedir a contagem total dos votos.

Baker, o ex-secretário de Estado americano que liderou os times jurídico e político na batalha pela recontagem dos votos na Flórida no ano 2000, que acabou por garantir a eleição de George W. Bush, disse em entrevista nesta quinta-feira, 5, que o presidente Trump pode até ter questões legítimas para pedir a recontagem dos votos, mas elas não devem ser usadas para justificar uma pausa na apuração inicial das cédulas.

Representante da comissão eleitoral conta votos no condado se Clark, em Las Vegas, Nevada. Foto: Bridget Bennett/The New York Times

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“Existem grandes diferenças”, disse Baker ao comparar os casos da Flórida e o atual. “Em primeiro lugar, o nosso argumento era de que os votos foram contados e contados e contados e era hora de terminar o processo. Não foi exatamente essa mensagem que ouvi na noite da eleição. Eu acho que é um pouco complicado ser contra a apuração total dos votos.”

“Nós nunca dissemos ‘não contem os votos’”, acrescentou Baker. “Essa é uma posição muito difícil de se defender em uma democracia.”

Ele reprovou, por exemplo, a tentativa dos republicanos de jogarem fora 127 mil votos em sua cidade-natal, Houston, porque acharam que foram depositados por um sistema drive-in ao qual o partido era contrário. “Eu não acho que é uma escolha sábia de se fazer e, como se viu, também não foi sábia legalmente, porque eles perderam tanto nas cortes estadual e federal”, disse.

Baker, que não apoiou Trump publicamente e tem sido crítico ao presidente em algumas ocasiões, mas ainda manteve o seu voto nele, disse que o presidente teria todo o direito de questionar os resultados depois de apurados, se houvesse provas legítimas para questionar a validade deles.

Baker concorda que Trump deveria achar alguém como ele para servir como um general neste caso. “Ter disciplina”, disse, “é particularmente importante em uma situação como essa.” Mas aos 90 anos de idade, ele diz estar disposto a deixar esta missão para outra pessoa.

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