Conselho da OEA se reunirá para debater situação da Bolívia

Sessão convocada para terça-feira deve ser marcada por divulgação de irregularidades encontradas em auditoria e divisão sobre narrativa de golpe contra Evo Morales

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

WASHINGTON - O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) vai se reunir na tarde de terça-feira, 12, para debater a situação da Bolívia depois de Evo Morales renunciar à presidência no domingo.

Um grupo de ao menos 15 países, que inclui Brasil e Colômbia, articulam nesta segunda-feira um comunicado conjunto que defenda o fim dos atos violentos no país, pressione pela realização de novas eleições gerais e peça respeito a uma “transição pacífica e constitucional”. Se houver consenso sobre o texto, o comunicado deve ser lido na sessão das 15 h (17h no horário de Brasília) de terça.

'Evo sem povo':pichação em muro de La Paz contra Evo Morales Foto: RONALDO SCHEMIDT / AFP

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No domingo, Evo renunciou ao cargo após protestos intensos, pressão das Forças Armadas do país e a conclusão da auditoria da OEA que pediu a realização de novas eleições no país. A análise da organização encontrou graves irregularidades nas eleições gerais de 20 de outubro, nas quais o agora ex-presidente se reelegeu para um quarto mandato.

O anúncio de Evo foi seguido pela renúncia em cascata do vice e demais autoridades que poderiam sucedê-lo constitucionalmente. Se a Assembleia Legislativa da Bolívia aceitar a carta de renúncia do presidente recebida nesta segunda e indicar a resposta para o vácuo de poder atual, parte dos países da OEA aproveitará a sessão para reconhecer e apoiar o governo de transição.

Nos bastidores, o chanceler de Evo, Diego Pary, tem tentado fazer com que a reunião seja usada para denunciar o que o governo boliviano chamou de golpe político e policial.

Países como Estados Unidos, Brasil e Colômbia se preocupam com a possibilidade de que a sessão vire palco para ecoar as críticas de Evo a todo o processo que culminou em sua renúncia. O México, sob o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, deve sair a favor de Evo Morales.

Mesmo entre os países que concordam com a pressão por novas eleições e reconhecimento de um governo de transição, há divergências na forma e calendário ideal para o processo. Os EUA, por exemplo, têm defendido nos bastidores que seja realizada uma reforma eleitoral na Bolívia antes das novas eleições - o que outros países questionam, pela fragilidade das lideranças legislativas atuais, e porque poderia prolongar o processo de vácuo de poder na Bolívia.

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A sessão de terça-feira também servirá para que os responsáveis pelo relatório de auditoria falem sobre as conclusões da análise, que encontrou irregularidades no processo eleitoral e pediu a realização de novas eleições. 

Atuação urgente

A Secretaria-Geral da OEA rejeitou nesta segunda-feira "qualquer saída inconstitucional" para a crise na Bolívia e pediu que se aja de maneira urgente para garantir a realização de novas eleições.

"A Secretaria-Geral pede a pacificação e o respeito ao Estado de Direito" na Bolívia, disse o órgão central da organização comandada por Luis Almagro.

O organismo também pediu ao Poder Legislativo que "nomeie novas autoridades eleitorais que garantam um novo processo eleitoral" e, ao Poder Judiciário, que continue investigando possíveis crimes vinculados às eleições de 20 de outubro. / COM AFP

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