Os membros permanentes do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Japão concordaram nesta segunda-feira em adiar a votação de uma proposta de resolução por meio da qual sanções poderiam ser impostas à Coréia do Norte. O país comunista asiático, um dos regimes mais fechados do planeta, está na mira da comunidade internacional por causa de uma recente série de testes com mísseis no Mar do Japão. O CS deve dar seqüência às negociações, disse Wang Guangya, embaixador da China na ONU, em conversa com jornalistas em Nova York. "Como os membros (do CS) têm visões diferentes (sobre a resolução), concordamos em continuar as consultas sobre o tema", disse Guangya depois de um encontro entre os representantes dos cinco membros permanentes do CS (China, Rússia, EUA, Grã-Bretanha e França) e o Japão. De acordo com Wang, a proposta de resolução apresentada pelo Japão com o apoio dos Estados Unidos precisará sofrer alterações para que venha a ser aprovada sem que nenhum dos membros permanentes do CS exerça seu poder de veto. O Japão, que propôs a resolução, vinha pressionando por uma votação rápida da mesma. Mas, segundo a agência de notícias japonesa Kyodo, Tóquio concordou com o pedido da China - principal aliado da Coréia do Norte -, para que a votação fosse adiada por alguns dias. O texto japonês A proposta japonesa, escrita sob o Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, permite intervenção militar caso Pyongyang não congele imediatamente o desenvolvimento, a realização de testes e a venda de mísseis balísticos. O texto também proíbe a aquisição de mísseis ou armas de destruição em massa com tecnologia norte-coreana pelos estados membros da ONU. Além disso, impede que estes países enviem qualquer material, tecnologia ou dinheiro que possa ser usado no programa de mísseis da Coréia do Norte. O rascunho pede ainda que Pyongyang retorne imediatamente às negociações multilaterais sobre seu programa nuclear. As conversações, que tinham como interlocutores os Estados Unidos, Japão, Coréia do Sul, China e Rússia, foram canceladas em setembro. China e Rússia se opõe a aplicação de sanções, e querem que o Conselho de Segurança adote uma declaração presidencial ao invés de uma resolução. Uma alternativa à imposição de sanções seria a volta da Coréia do Norte a uma moratória nos testes com mísseis e o imediato retorno às negociações multilaterais. A proposta foi feita pelo Japão e Estados Unidos. Tóquio e Washington sugeriram à China que a votação de uma resolução no CS poderia ser evitada se o Pyongyang concordasse com as duas condições. As informações foram divulgadas pela Kyodo. Posição sul-coreana A vitória chinesa sobre a posição japonesa contou ainda com a ajuda da Coréia do Sul, que também pediu ao Japão que não persiga "unilateralmente" uma resolução do Conselho de Segurança para impor sanções. "Nós encaminhamos por meio dos canais diplomáticos a posição de nosso governo de que não é desejável a busca unilateral por uma resolução contra a Coréia do Norte", noticiou uma agência sul-coreana, citando uma fonte anônima no alto escalão do governo em Seul. A fonte mencionou a oposição da China e da Rússia em relação as sanções para dizer que a iniciativa japonesa causaria divisões no CS. "Se, no fim, nenhuma mensagem contra a Coréia do Norte for adotada, a única prejudicada será a ONU e sua reputação", prosseguiu a fonte. No domingo, o governo sul-coreano emitiu um comunicado no qual acusou o Japão de criar confusão e reagir desproporcionalmente aos testes de mísseis promovidos pela Coréia do Norte. "Não estamos criando nenhuma confusão e dissemos à Coréia do Sul que não podemos aprovar uma declaração como essa", disse Shotaro Yachi, subsecretário de Exterior do Japão, em conversa com jornalistas em Tóquio. Texto atualizado às 16h25