Conselho de Segurança da ONU discute teste nuclear em reunião de urgência

Os serviços de inteligência e o Ministério da Defesa da Coréia do Sul foram os primeiros a soar o alarme sobre o teste nuclear norte-coreano

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) discutirá nesta segunda-feira, numa reunião de urgência, a crise eclodida com o teste nuclear subterrâneo realizado pela Coréia do Norte, informou o ministro do Exterior dinamarquês, Per Stig Moeller, à agência Ritzau. Logo após o teste, diversos países condenaram a iniciativa norte-coreana e classificaram como uma provocação. Apesar da mobilização da comunidade internacional, a inteligência da Coréia do Sul afirma que mais testes nucleares podem ser realizados. O ministro da Dinamarca, país que integra o Conselho de Segurança da ONU como membro provisório, criticou o teste nuclear norte-coreano e ressaltou a importância da China para a solução da crise, por causa do papel que desempenha junto ao governo da Coréia do Norte. Comunidade internacional se manifesta China, Inglaterra, EUA, Rússia e França, membros permanentes do Conselho de Segurança com direito a veto, condenaram o teste e o "enorme dano que ele (o teste) causou ao processo de não-proliferação de armas de destruição em massa no mundo", como afirmou o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Itália, Grécia, Índia, Paquistão e Filipinas também se manifestaram, condenando o teste e considerando a intervenção do Conselho de Segurança da ONU como inevitável. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), e a União Européia (UE) também se pronunciaram reprovando o teste. A Otan condenou duramente e pediu uma reação firme da comunidade internacional. A UE, no entanto, afirmou que não tem planos de reduzir ou cortar o fornecimento habitual de ajuda humanitária à Coréia do Norte em resposta ao teste nuclear. A comissária de Relações Exteriores da UE, Benita Ferrero Waldner, disse em Kuala Lumpur que embora o bloco europeu "não considere, por enquanto", a possibilidade de reduzir ou suspender sua ajuda humanitária, considera o teste nuclear "inaceitável". "Temos de observar a evolução da situação", disse a comissária durante sua visita oficial à capital da Malásia. Mobilização dos países vizinhos O presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, disse nesta segunda-feira que o teste atômico da Coréia do Norte convenceu Seul de que a crise nuclear norte-coreana não pode ser resolvida apenas com o diálogo, e anunciou uma mudança em sua política em relação a Pyongyang. Seul chegou inclusive a ter sérios problemas com Washington ao rejeitar, por diversas vezes, a imposição de sanções contra o regime comunista para tentar que este voltasse à mesa das negociações sobre seu programa de armas nucleares. O governo sul-coreano considera que o teste nuclear é uma "grave ameaça" para a península e a estabilidade do Nordeste da Ásia e "vai contra a vontade internacional de manter uma península livre de armas atômicas e solucionar o problema nuclear de forma pacífica", acrescentou. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, que se reuniu nesta segunda-feira em Seul com o presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun, disse que, além das possíveis pressões internacionais, seu país "provavelmente tomará suas próprias medidas severas em breve", embora não tenha especificado quais seriam. Teste nuclear subterrâneo Em desafio à comunidade internacional, a Coréia do Norte realizou na manhã desta segunda-feira na Ásia - fim da noite de domingo no Brasil - o primeiro teste nuclear de sua história, de acordo com a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. ?Nossa seção de pesquisa científica conduziu, de forma segura e bem-sucedida, um teste nuclear subterrâneo em 9 de outubro?, dizia o despacho da agência. A nota acrescentou que a explosão se deu sem que houvesse nenhum tipo de vazamento radioativo. ?O ensaio nuclear é um acontecimento histórico que trouxe felicidade para nossas Forças Armadas e para o nosso povo?, prosseguiu a agência. ?Esse teste contribuirá para a paz e a estabilidade na Península Coreana e em toda a região que a circunda.? Os serviços de inteligência sul-coreanos e o Ministério da Defesa deste país foram os primeiros a soar o alarme sobre o teste realizado pela Coréia do Norte. Pouco depois, a Agência Central de Notícias norte-coreana KCNA emitiu um comunicado anunciando a realização de um teste nuclear subterrâneo. "O teste nuclear foi realizado totalmente com nosso conhecimento e nossa tecnologia", acrescentou a KCNA, citada pela agência sul-coreana Yonhap. Segundo a KCNA, o teste, realizado para reforçar "a capacidade de dissuasão" norte-coreana, "contribui para manter a paz e a segurança na península coreana e na Ásia". A inteligência da Coréia do Sul disse nesta segunda-feira que a Coréia do Norte pode realizar mais testes nucleares, segundo Yonhap. O Serviço de Inteligência Nacional afirmou ter detectado sinais anormais no local onde o outro teste foi realizado.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.