O Conselho de Segurança da ONU vai se reunir nesta terça-feira com a delegação da Liga Árabe. Os dirigentes da Liga vão a Nova York para exigir mudanças no projeto de resolução que prevê o fim da violência entre Israel e as milícias do Hezbollah. A reunião, prevista para às 15h do horário local (16h de Brasília), terá caráter aberto e nela serão discutidas as principais exigências do Líbano e dos países árabes em relação à resolução elaborada por EUA e França. Além dos quinze membros do Conselho, também participarão da reunião o ministro de Assuntos Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, o xeque Abdallah Ben Zayed Al Nahayan, o do Qatar, xeque Thani, e o secretário geral da Liga, Amr Musa. O embaixador do Qatar, Nasser Abdulaziz al Nasser, manifestou esperar que as emendas propostas por seu país sejam levadas em consideração na resolução. "Queremos resolver o problema libanês sem criar uma crise interna. Somos a favor de uma resolução, mas uma que realmente promova a paz e a segurança", afirmou. Líbano exige retirada do Sul do país O Líbano, que tem o apoio dos países árabes, quer incorporar ao texto a exigência de que Israel retire os dez mil soldados que estão presentes no sul do país. Outra exigência do governo de Beirute é que o exército israelense se retire da disputa pelas Fazendas de Sheeba, território ocupado por Israel desde 1967, e que o território passe a ser um protetorado da ONU até que se delimitem as fronteiras internacionais do Líbano. A resolução também pede a liberdade dos dois soldados israelenses capturados pela milícia do Hezbollah, fato que deu início ao atual conflito na região. Ao mesmo tempo, os prisioneiros libaneses seriam libertados por Israel. "Queremos a paz e o fim da guerra, o que quer dizer impulsionar um acordo entre Líbano e Israel. Por isso, estamos propondo essas medidas", afirmou o embaixador do Qatar. Resolução viável O atual presidente do Conselho, o embaixador ganês Nana Effah-Apenteng, negou que as negociações tenham sido suspensas e disse que há a necessidade de se esperar os resultados da reunião de amanhã. "O importante é alcançar uma resolução que seja viável e aplicável para ambas as partes. É preciso esperar para depois decidir como proceder", apontou. Do outro lado, o embaixador norte-americano na ONU, John Bolton, considerou "apropriado" escutar os pontos de vista da Liga Árabe e ressaltou que "vai considerar a opinião deles com muito cuidado". Recordou, entretanto, que durante o processo de negociação entre Washington e Paris para redigir o texto, se mantiveram sempre em contato com os governos de Beirute e Tel-Aviv. O líder colocou em dúvida a vontade de Washington incluir na emenda a liberação dos prisioneiros libaneses, considerando que "não existe nenhum desejo de discutir este assunto com um grupo terrorista". Do mesmo modo, deu a entender que negaria a emenda relacionada à ocupação israelense nas Fazendas de Sheeba, argumentando que "Israel retirou-se plenamente do Líbano em 2000". "As Fazendas de Sheeba não são território libanês. A questão deve ser discutida entre Damasco e Beirute. Esta área continua sendo um pretexto para o Hezbollah continuar lançando mísseis contra Israel", afirmou. A ONU considera a região como parte da Síria, enquanto o Líbano diz a área pertence ao seu território. Em relação à presença das tropas de Israel no sul do Líbano, Bolton não se pronunciou, mas o texto da resolução faz um apelo para que "cessem completamente as hostilidades" e pede uma Força Provisória da ONU no sul do Líbano para iniciar a trégua. O documento também estipula princípios para uma solução política permanente, que serão concretizadas em uma segunda resolução, na qual se prevê a autorização de uma força multinacional. O projeto de resolução ainda não foi apresentado formalmente, já que não há uma data para ser votado. Quando isto ocorrer, será a primeira atuação do Conselho de Segurança desde que o conflito começou, no último dia 12 de julho. Os embates já causaram a morte de 925 libaneses e 94 israelenses, além de 700 mil desabrigados no Líbano.