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Conselho militar de transição diz que futuro governo do Sudão será civil

Grupo afirmou que vai dialogar com todas ‘as entidades políticas’ do país; 13 pessoas morreram nos protestos de quinta-feira contra o regime

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Por Redação
Atualização:

CARTUM - O conselho militar de transição, no poder no Sudão desde a destituição na véspera do presidente Omar al-Bashir, disse nesta sexta-feira, 12, que vai dialogar com todas "as entidades políticas" do país e que o futuro governo será "civil".

"Vamos dialogar com todas as entidades políticas, com o objetivo de preparar o clima para as negociações e a realização das nossas aspirações", afirmou o general Omar Zinelabidine Foto: Ashraf Shazly / AFP

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"Vamos dialogar com todas as entidades políticas, com o objetivo de preparar o clima para as negociações e a realização das nossas aspirações", afirmou o general Omar Zinelabidine, membro do conselho militar de transição. Durante entrevista coletiva em Cartum, ele ressaltou que o futuro governo será "um governo civil".

Os militares disseram ainda que Al-Bashir está "detido" e não será extraditado. "Enquanto conselho militar, não entregaremos o presidente ao estrangeiro durante nosso período no poder", afirmou Zinelabidin.

Há tempos Al-Bashir desafiava o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia. Em 2009, ele lançou um mandado de prisão por "crimes de guerra e contra a humanidade" em Darfur, região oeste do Sudão afetada pela violência. Em 2010, somou-se à acusação de "genocídio". O conflito em Darfur deixou mais de 300 mil mortos e 2,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.

Um dos países mais pobres do planeta, o Sudão ficará submetido a um toque de recolher noturno por um mês, anunciou o ministro da Defesa na quinta-feira.

A derrocada de Al-Bashir não satisfez os milhares de manifestantes, que continuaram nas ruas para derrubar o regime Foto: EFE

A derrocada de Al-Bashir não satisfez os milhares de manifestantes, que continuaram nas ruas para derrubar o regime, demonstrando sua rejeição ao novo poder militar de transição. Eles passaram a sexta noite consecutiva diante do quartel-general do Exército em Cartum e não há informações sobre incidentes.

"Não há nenhuma diferença para nós (...). Esta é nossa praça. Nós a tomamos e não vamos abandoná-la até que consigamos a vitória. Violamos o toque de recolher. Vamos continuar fazendo isso até obter um governo de transição", disse o manifestante Abu Obeida.

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Mortos nos protestos

Ao menos 13 pessoas morreram nos protestos realizados em vários pontos do Sudão na quinta-feira, dia em que os militares promoveram um golpe de Estado contra Al-Bashir, que estava há 30 anos no poder.

O Comitê Central de Médicos, sindicato de oposição a Al-Bashir, disse que as mortes ocorreram após "disparos das forças do regime", sem explicar quem abriu fogo contra os manifestantes.

O sindicato destacou que 35 pessoas morreram desde o dia 6 de abril, quando teve início a ocupação dos arredores do quartel-general do Exército para pedir apoio dos militares contra o então presidente.

No entanto, parte da oposição criticou o movimento dos militares, que afastaram Al-Bashir do poder, mas governarão o Sudão por meio de um conselho militar pelos próximos dois anos. / AFP e EFE

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