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Conservador e favorito, Duque tenta sair da sombra de Uribe

Ex-presidente é padrinho político de um tecnocrata desconhecido que se tornou um dos senadores mais populares do país

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Por Redação
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BOGOTÁ - Até recentemente, Iván Duque, favorito para vencer hoje o segundo turno da eleição presidencial da Colômbia, vivia uma vida tranquila em Washington: tinha um apartamento espaçoso onde morava com a mulher e um bom emprego em um banco internacional. Até que se tornou protegido do ex-presidente Álvaro Uribe e sua carreira política decolou.

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Segundo pesquisas, Duque (foto), de 41 anos, tem vantagem que vai de 6 a 20 pontos porcentuais sobre Petro Foto: Luis Robayo / AFP

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Nos últimos quatro anos, Duque passou de tecnocrata desconhecido a senador popular. No entanto, uma pergunta o persegue na campanha: ele é ou não uma marionete de Uribe? “O temor é grande”, disse Iván Cepeda, senador de esquerda que apoia o ex-guerrilheiro e rival Gustavo Petro. “O governo de Uribe violou mais direitos humanos do que muitos governos anteriores juntos. Até onde Duque conseguirá se distanciar dele?”

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Segundo pesquisas, Duque, de 41 anos, tem vantagem que vai de 6 a 20 pontos porcentuais sobre Petro. Quem for eleito hoje governará um país que acabou de firmar um acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e registra um crescimento na produção de coca e da violência em áreas deixadas pela guerrilha.

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Petro prometeu apoiar o acordo, mas Duque afirma que fará mudanças, como não permitir que ex-líderes da guerrilha assumam cargos políticos enquanto não confessarem seus crimes – ideias que seus rivais dizem ameaçar o pacto. 

As críticas de Duque aos líderes das Farc são as mesmas de Uribe, embora nas últimas semanas ele tenha abrandado suas posições. Por exemplo, ele deixou de lado um plano para derrubar a anistia para ex-combatentes envolvidos no tráfico de drogas e manifestou apoio a ex-guerrilheiros que querem retornar à vida civil. Embora Uribe seja elogiado por enfraquecer as Farc durante seu governo, os críticos dizem que seus sucessos foram garantidos à custa de abusos de direitos humanos por parte do Exército. 

Amizade. Amigos dizem que Duque e Uribe estreitaram a amizade nos EUA. Depois de deixar a presidência, em 2010, Uribe foi convidado a lecionar na Universidade Georgetown, na capital americana, e escolheu Duque para seu assistente. 

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Duque trabalhou com Uribe em uma investigação da ONU sobre o ataque de Israel contra uma flotilha humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza e ajudou o ex-presidente a escrever suas memórias. Assim, em 2014, Uribe o convidou para voltar ao país e se candidatar ao Senado.

Eleito, Duque ganhou a reputação de radical em segurança e simpático aos mercados, mas reconhecido como pessoa amigável que conquistou o respeito dos adversários. Gloria Ramírez, estrategista que trabalhou com os dois políticos, nega que Duque seja uma marionete de Uribe. “Ele não vai se envolver em nada se Iván não pedir”, disse Gloria, referindo-se a Uribe. 

Críticos, porém, temem que Uribe use sua influência para retaliar inimigos e arquivar as investigações contra ele por vínculos com paramilitares. Em março, Uribe atacou o jornalista Daniel Coronell, alertando-o que, no governo Duque, as licenças de transmissão seriam reexaminadas – comentários vistos como uma ameaça à liberdade de imprensa. Duque nunca condenou as ameaças de Uribe. 

Para analistas, a campanha polarizadora que colocou Duque como um conservador radical frente a um esquerdista radical não mostrou as posições mais moderadas dos dois. “Os eleitores têm sorte de que uma pessoa que vem da direita colombiana, com frequência torpe e criminosa, seja um jovem inovador livre do peso de algumas das batalhas”, disse Brian Winter, editor da revista Americas Quarterly, que escreveu com Duque as memórias de Uribe. / AP

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