
04 de janeiro de 2012 | 03h06
Artigo
Enquanto os eleitores republicanos de Iowa escolhiam o candidato que enfrentará Barack Obama em novembro, representantes do partido em Washington terminavam metodicamente e sem estardalhaço o que chamaram de "o livro" - 500 páginas de citações e vídeo do presidente que constituirão a espinha dorsal da estratégia do partido. Os republicanos planejam usar as palavras e a voz de Obama para respaldar a argumentação com a qual pretendem derrotá-lo: a de que ele não cumpriu as promessas que fez quando chegou à presidência em meio a enormes esperanças.
Os republicanos usarão o acervo de vídeos catalogado pelo partido, com todos os pronunciamentos de Obama desde sua campanha de 2008. O material de propaganda exibido pela televisão e pela internet será mostrado ao lado das promessas feitas pelo democrata de que aumentaria os empregos, ajudaria os proprietários de imóveis residenciais, os pobres, instituiria pagamentos menores para o seguro-saúde e normas de ética mais rigorosas na Casa Branca, comparando dados e recortes de notícias divulgadas pelo governo que pintam uma realidade bem diferente.
Uma estratégia semelhante já está sendo adotada pelos democratas de Obama e o Comitê Nacional Democrata com a finalidade de mostrar o candidato favorito republicano, Mitt Romney, como um trapalhão.
O novo livro republicano pretende usar uma das grandes qualidades de Obama - o poder da oratória - e transformá-lo em uma arma poderosa. Uma declaração feita pelo presidente em 2009 de que seu projeto de estímulo tiraria 2 milhões de pessoas da pobreza, por exemplo, é comparada com dados do Censo que mostram que, desde que ele assumiu a presidência, mais de 6 milhões de americanos caíram na pobreza.
Outro destaque será uma entrevista de 2009 na qual Obama disse no programa Today da NBC que, se não conseguisse consertar a economia em três anos, "não se deveria propor uma reeleição".
A equipe do presidente, por sua vez, compila dados para defender suas realizações, como um relatório do Departamento de Orçamento do Congresso que mostra que o estímulo econômico criou 3,6 milhões de empregos, além do testemunho de economistas segundo os quais ele acabou com a Grande Recessão.
Ainda assim, estrategistas republicanos dizem que usar o tom certo nos ataques contra Obama será uma coisa delicada, pois embora desaprovem o seu desempenho muitos americanos ainda consideram o primeiro presidente negro dos EUA uma figura histórica e admirável.
As pesquisas de opinião mostram que a maioria gosta dele como pessoa - o que faz com que seja muito provável que esse grupo não leve em conta os ataques tradicionais. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
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