CARACAS - O ex-ministro Luis Miquilena, considerado pelo ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez (morto em 2013) como seu padrinho político, morreu na quinta-feira aos 97 anos.
Ex-presidente da Assembleia Constituinte que redigiu a atual Carta Magna em 1999, Miquilena morreu por causas naturais em sua casa em Caracas.
Militante no Partido Comunista da Venezuela (PCV) desde os 14 anos, Miquilena fundou, junto com Chávez, o extinto Movimento Quinta República (MVR), com o qual o tenente-coronel chegou à presidência em 1998.
Ficou preso durante o governo de Marcos Pérez Jiménez (1953-1958) e contribuiu para a base ideológica do chavismo, com o qual veio a romper anos mais tarde, em meio a acusações mútuas de traição e de corrupção. Nos últimos anos, foi um duro crítico do presidente Nicolás Maduro.
"Era conhecido por ser um homem reflexivo e respeitável. Tinha muita ascendência sobre Chávez, que o ouvia muito", comentou a ex-ministra do Meio Ambiente Ana Elisa Osorio.
Foi o primeiro ministro do Interior de Chávez, cargo no qual permaneceu por cinco meses em 1999 e que voltou a ocupar entre 2001 e 2002. A ruptura se deu antes da tentativa de golpe de Estado de abril de 2002, que tirou Chávez do poder por 72 horas e deixou 19 mortos em Caracas. Desde então, Miquilena passou a afirmar que o governo tinha "as mãos manchadas de sangue".
A "corrupção", a estreita relação de Chávez com o governo cubano e a "militarização do projeto" político foram as causas do afastamento, comentou o ex-constituinte Alberto Hernández. Para o veterano opositor de esquerda Américo Martín, Miquilena cometeu um erro ao "apoiar Chávez" e, depois, perdeu amigos ao se separar do governo socialista. / AFP