Constituinte da Bolívia retoma sessão em quartel

Discussões foram trasladadas a instalação militar para proteger deputados de manifestações violentas

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Por Ap , Afp , Efe e Reuters
Atualização:

A Assembléia Constituinte boliviana retomou ontem, após três meses de recesso, seus trabalhos numa instalação militar. A mudança teve como objetivo proteger os deputados dos violentos protestos em Sucre. Ontem, milhares de manifestantes entraram em conflito com a polícia, após líderes locais terem decidido que não reconhecerão a Constituição. De acordo com fontes locais, duas pessoas ficaram feridas. A presidente do fórum, Silvia Lazarte - do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS) -, convocou os 255 deputados da Assembléia para voltarem ao trabalho "com urgência" para aprovar a Carta antes do fim do prazo, marcado para o dia 14. No entanto, o líder do partido opositor Podemos, Edwin Velásquez, afirmou que os deputados de sua legenda não comparecerão às deliberações na instalação militar. Mesmo assim, o fórum conseguiu reunir reunir 145 deputados. A oposição, que iria se reunir paralelamente, alertou para a possibilidade do MAS aprovar uma nova Carta sem consenso e sem discussão. "Essa será uma Constituição à qual não vamos acatar", afirmou Jaime Barrón, líder do Comitê Cívico de Sucre. O presidente Evo Morales afirmou estar confiante de que os bolivianos receberão "como presente de Natal uma Constituição". A Constituinte, instalada em agosto de 2006, estava suspensa por causa de impasses referentes ao tema da capital. Sucre é a capital constitucional da Bolívia, mas só abriga o Judiciário. La Paz conquistou o direito de abrigar as sedes do Legislativo e Executivo em 1899, após uma guerra civil. Os moradores de Sucre querem que a Constituinte discuta a possibilidade da cidade voltar a abrigar todos os Poderes, mas o MAS recusa o pedido. A tensão em Sucre continua a aumentar, pois no fim de semana a cidade receberá partidários de Evo que pretendem "defender" a Constituinte.

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