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Convenção declara Obrador "presidente legítimo" do México

Centenas de milhares de simpatizantes estiveram presentes na Convenção Nacional Democrática

Por Agencia Estado
Atualização:

O dirigente esquerdista Andrés Manuel López Obrador foi declarado neste sábado "presidente legítimo" do México por centenas de milhares de simpatizantes, e liderará uma "nova República" que enfrentará o Governo atual e suas instituições. "É um orgulho representá-los, o farei com humildade e com convicção; não vou traí-los, não vou trair o povo do México", disse López Obrador ao aceitar a designação diante de seus seguidores que assistiram à Convenção Nacional Democrática (CND). Os participantes da Convenção, 1,2 milhão segundo os organizadores, se negaram a deixar que López Obrador se limitasse a ser um simples "Coordenador da Resistência Civil Pacífica" e o designaram como "presidente do México", com poder para nomear seu "gabinete" e localizar a "sede do Governo" na capital mexicana, além de angariar fundos. Perante uma assembléia grande que encheu a praça principal da capital mexicana e suas ruas adjacentes, López Obrador aceitou o cargo de "presidente legítimo", porque rejeita "a imposição e a ruptura da ordem constitucional" do que considera uma fraude eleitoral. O líder da esquerda mexicana acrescentou que aceitar um Governo usurpador, do presidente eleito Felipe Calderón, implicaria em "adiar indefinidamente a mudança democrática do país e continuar com o jogo de sempre". López Obrador, que pretende tomar posse do cargo concedido por seus seguidores em 20 de novembro, afirmou que este caminho não foi resultado de um capricho, mas uma saída à crise política gerada pelo processo eleitoral de 2 de julho. O esquerdista disse também que a nova República deverá promover a democracia, a soberania do país, e destacou a necessidade de estabelecer "o estado de bem-estar para garantir os direitos à saúde, à educação e à habitação de todos os mexicanos". Os primeiros acordos da Convenção foram rejeitar "a usurpação", desconhecer Felipe Calderón como presidente da República e declarar "a abolição do regime de corrupção e privilégios". López Obrador insistiu que não aceitava este cargo por ostentação, nem por ambição ao poder, mas para atender aos sentimentos do povo que está empenhado em transformar as instituições. "Assumo este honroso cargo sabendo que vou ser atacado por nossos inimigos, e o faço convencido de que vou continuar contribuindo para a luta nas atuais circunstâncias", disse. A CND aprovou doze propostas e entre as quais se destacam um programa de Governo para a defesa dos recursos naturais, a mudança das instituições e o combate à corrupção e aos privilégios. A Convenção foi inaugurada pela escritora Elena Poniatowska, que aderiu à campanha de López Obrador desde o momento em que houve uma tentativa de conseguir sua perda de imunidade como prefeito da Cidade do México, em abril de 2005. A CND também nomeou três comissões nacionais que se encarregarão de impulsionar os acordos tomados, entre elas, uma de caráter político, uma segunda para preparar um programa de resistência civil e uma outra encarregada de organizar uma Assembléia que aprove uma nova Constituição. O novo organismo criado por López Obrador renova o respaldo político para manter seu enfrentamento frontal contra o atual Governo de Vicente Fox e o do presidente eleito, Felipe Calderón. Por sua parte, os representantes dos partidos da Revolução Democrática (PRD) do Trabalho (PT) e da Convergência ratificaram seu apoio a López Obrador e às decisões da Convenção Nacional Democrática. Os legisladores das três legendas se comprometeram a impedir a posse de Felipe Calderón em 1º de dezembro. Esta será a prova de fogo da capacidade de boicote da Convenção, depois que em 1º de setembro os parlamentares do PRD tomaram a tribuna do Congresso e impediram que o presidente Vicente Fox lesse seu sexto e último relatório de Governo.

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