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Copiapó se converte em ''Woodstock da esperança''

Comércio local deve lucrar nesta semana 15% do que ganhou no ano; proporção no acampamento é de 4 repórteres para cada parente dos mineiros

Por Patrícia Campos Mello
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O acampamento Esperança se transformou num grande Woodstock chileno: são centenas de barracas e trailers, músicos folclóricos, cumbia vinda das rádios e muitos altares à Virgem de Guadalupe.Como todos estão otimistas e esperam para hoje o início do resgate dos mineiros, o clima é de festa. Os parentes ficam sentados na frente de suas barracas, tomando mate - assediados por uma horda de jornalistas. Pela última conta, são 1.500 jornalistas de 33 nacionalidades e 400 parentes, ou seja, quatro repórteres para cada um deles. "Enterrados, talvez, vencidos, jamais - Pedro Contreras", diz a faixa que decora a barraca da família de Contreras. Ao lado, um altar improvisado com uma imagem da Virgem e flores em uma garrafa de Sprite. Pedro, que tem 10 irmãos, mandou uma carta para a família ontem: "Tragam os "viejitos" (meus pais) aqui para o morro, que eu estou saindo."Os jornalistas se viram como podem. As TVs maiores e agências de notícias têm trailers. Muitas têm até seus banheiros químicos privados, com o nome da emissora na porta. O restante dorme em barracas que ficam geladas à noite, quando a temperatura cai para quase 0°C e usa os banheiros químicos comunitários. Os mantimentos são doados aos parentes por redes de supermercados. Eles estão lucrando - o comércio de Copiapó vai arrecadar nesta semana 15% do que ganhou no ano inteiro.Marcos Stupenengo, repórter da TV argentina C5N, transportou sua equipe, de três pessoas, em um trailer e uma caminhonete cheia de equipamentos, dirigindo de Buenos Aires até a mina San José. Levou três dias.Já faz uma semana que ele está no acampamento. Marcos se prepara para ficar 48 horas acordado, a partir do início do resgate. "Minha geladeira no trailer só tem Coca-Cola", contou. O restante de sua dieta é à base de hambúrguer e hot-dog.

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