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Coréia aceita princípios para interromper programa nuclear

Enviado norte-coreano afirmou que avanço nas negociações multilaterais, retomadas nesta quinta, dependerá da atitude dos EUA em abandonar política hostil

Por Agencia Estado
Atualização:

A Coréia do Norte aceitou nesta quinta-feira com os princípios para dar os primeiros passos para a interrupção de seu programa nuclear. O anúncio foi feito no reinício das negociações multilaterais para obter avanços concretos para o desarmamento do regime comunista, um dos mais fechados do planeta. No ano passado, Pyongyang colocou o mundo em alerta ao realizar o seu primeiro teste com uma bomba nuclear. Em encontro fechado com líderes dos seis países envolvidos nas negociações - além da Coréia do Norte, China, Estados Unidos, Japão, Rússia e Coréia do Sul participam dos contados - todos os lados concordaram que "é importante chegar a um acordo para a primeira fase de medidas nesta rodada". O anúncio foi feito pelo enviado sul-coreano, Chun Yung-woo. Segundo o negociador, a China - que é a anfitriã do encontro - irá circular um rascunho do acordo na manhã de sexta-feira. Na manhã desta quinta-feira, o enviado nuclear norte-coreano Kim Kye Gwan afirmou que Pyongyang está "preparada para discutir os estágios iniciais" pelo desarmamento. Especialistas americanos que visitaram Kim na semana passada em Pyongyang disseram que a Coréia do Norte parecia propensa a oferecer o desligamento de seu principal reator nuclear em troca de ajuda energética e da normalização das relações com Washington. Kim salientou que qualquer avanço proporcionado pela Coréia do Norte dependerá da atitude dos Estados Unidos. "Nós chegaremos a uma decisão depois de analisarmos se os Estados Unidos abandonarão sua política hostil e partirão na direção de uma coexistência pacífica", declarou Kim, acrescentando que os EUA "sabem bem" o que devem fazer. A Coréia do Norte boicotou em duas ocasiões as negociações multilaterais por mais de um ano por causa de uma série de atitudes americanas interpretadas por Pyongyang como provas de que o governo americano pretendia derrubar o regime comunista norte-coreano. "Não estou otimista nem pessimista porque ainda há muitos pontos de divergência que precisam de uma solução", disse Kim. Negociação Apesar disso, seus comentários marcam uma mudança de postura da Coréia do Norte em comparação com a última rodada de negociação, em dezembro do ano passado, quando Kim recusou-se inclusive a discutir o desarmamento enquanto os EUA não suspendessem as sanções financeiras impostas a Pyongyang em meio às gestões multilaterais iniciadas há mais de três anos. O enviado americano Christopher Hill alegou ter percebido um "verdadeiro desejo de progresso" por parte dos norte-coreanos. Contudo, negou as informações de um jornal japonês sobre um memorando, assinado por Washington e Pyongyang, que previa a interrupção do programa nuclear coreano simultaneamente ao início do suporte energético dos EUA ao país asiático. Na abertura formal das negociações, o enviado chinês, Wu Dawei, ressaltou a importância dos contatos entre as seis nações, dizendo que "esta sessão será realizada em bases mais sólidas". Desde 2003, as negociações resultaram somente em um relatório, lançado em 2005, que obrigava a Coréia do Norte a abandonar seu programa nuclear em troca de apoio econômico de Washington. A última batalha entre os dois países aconteceu em 2002, quando os EUA acusaram a Coréia de desenvolver, em segredo, um programa de enriquecimento de urânio, violando assim um tratado de não-proliferação de armas nucleares assinado em 1994. A Coréia repeliu inspetores internacionais e reativou seus reatores, o que culminou no primeiro teste atômico realizado pelo país, em outubro de 2006.

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