Coréia do Norte adverte que sanções "significarão guerra"

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Por Agencia Estado
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A Coréia do Norte advertiu nesta terça-feira que a imposição de sanções econômicas contra o país "significará a guerra". Milhares de norte-coreanos manifestaram-se em Pyongyang, em apoio ao regime comunista e às Forças Armadas. A advertência foi feita um dia após a Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) dar um ultimato à Coréia do Norte para que renuncie a seu programa de armas nucleares. A agência ameaçou encaminhar o problema ao Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU). "A estratégia (de Washington contra Pyongyang) significa a adoção de sanções econômicas totais, com o propósito de isolar e debilitar a Coréia do Norte", informou a agência de notícias oficial norte-coreana KCNA. "As sanções significarão uma guerra e a guerra não conhece a piedade. Os Estados Unidos devem optar pelo diálogo e não pela guerra, e devem saber que se optarem pela guerra pagarão um preço muito alto por suas sanções", acrescentou a KCNA. Mais tarde, o Departamento de Estado dos EUA informou que Washington considera a hipótese de abertura de um diálogo com a Coréia do Norte, mas não fará concessões à exigência do congelamento do programa de armas nucleares. A decisão foi tomada após dois dias de conversações entre Estados Unidos, Coréia do Sul e Japão, que emitiram um comunicado conjunto afirmando que os três governos acreditam que um diálogo com Pyongyang seria a fórmula ideal para se resolver questões importantes como esta. Washington vinha declarando, nos últimos dias, que não aceitará o que considera uma "chantagem nuclear" e se recusa a negociar com a Coréia do Norte até que o Estado comunista renuncie a seu programa atômico. Aumentando a pressão sobre Pyongyang, a Aiea advertiu hoje a Coréia do Norte de que o prazo está se esgotando, apesar de a resolução aprovada na segunda-feira não fixar uma data limite nem sanções contra o governo norte-coreano. "Deixamos muito claro à Coréia do Norte que não é um convite aberto. É apenas questão de semanas (para que Pyongyang aceite o retorno dos inspetores de armas da ONU)", disse à rede de TV CNN o diretor da Agência, Mohamed El-Baradei. A agência japonesa de notícias Kyodo, citando um documento entregue segunda-feira em Viena aos 35 países membros da Aiea, informou hoje que há uma grande possibilidade de que a Coréia do Norte tenha adquirido uma pequena quantidade de plutônio desde que reativou seu reator de Yongbyon, no mês passado, violando o acordo de 1994. De acordo com o documento, o material seria insuficiente para a fabricação de uma bomba nuclear, mas daria para construir a chamada "bomba suja", que pode espalhar radiação quando detonada. El-Baradei disse hoje achar "impossível" que a Coréia do Norte tenha produzido algum plutônio desde a retirada dos lacres e das câmeras de vigilância das instalações em Yongbyon, mas destacou a necessidade urgente de se chegar a um acordo com o Estado comunista. Em Pyongyang, mesmo com uma temperatura de 18 graus negativos, mais de 100.000 pessoas participaram de uma manifestação organizada pelo Estado em apoio ao fortalecimento das Forças Armadas norte-coreanas. Segundo um instituto sul-coreano, a Coréia do Norte gasta 14,4% de seu orçamento para manter o terceiro maior Exército do mundo, com mais de 1 milhão de homens. Diplomatas norte-americanos, japoneses e sul-coreanos reuniram-se hoje pelo segundo dia consecutivo em Washington para discutir um modo de solucionar a crise norte-coreana. O presidente dos EUA, George W. Bush, reiterou que seu país não tem intenções agressivas com relação à Coréia do Norte e quer resolver a crise pela via diplomática. A Coréia do Sul, por sua vez, quer que Washington dê à Coréia do Norte garantias de segurança e prometa retomar o fornecimento de petróleo, suspenso em novembro após um funcionário norte-coreano ter admitido que Pyongyang estava mantendo, secretamente, seu programa nuclear.

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