20 de dezembro de 2010 | 13h18
Os exercícios foram vistos pela TV na Coreia do Sul
A Coreia do Norte disse que não retaliará o que chamou de "provocações irresponsáveis" da Coreia do Sul, que realizou exercícios militares próximos da fronteira entre os dois países nesta segunda-feira.
No mês passado, um ataque de Pyongyang matou quatro pessoas na ilha sul-coreana de Yeonpyeong - local dos exercícios desta segunda-feira. Na ocasião, o norte ameaçou realizar novos ataques se o Sul fosse em frente com as atividades militares.
Mas a agência estatal norte-coreana KCNA afirmou que o alto comando militar do país disse que "não valia à pena reagir".
"As Forças Armadas revolucionárias da República Democrática da Coreia do Norte não sentem a necessidade de retaliar toda lamentável provocação militar", disse o alto comando militar norte-coreano.
"O mundo deve saber quem é o verdadeiro defensor da paz e quem deseja provocar a guerra."
Reação
O governo sul-coreano ordenou aos moradores da ilha de Yeonpyeong que se refugiassem em abrigos antiaéreos nesta segunda-feira, antes do início dos exercícios na região, que foram atrasados por um nevoeiro.
Testemunhas disseram que o chão tremeu durante os 90 minutos do exercício.
"Durante o exercício, os militares da Coreia do Norte reforçaram a vigilância e se mantiveram preparados, mas não realizaram nenhuma provocação", disse o porta-voz militar da Coreia do Sul, Lee Bung-woo.
Após o exercício, a China pediu para que ambos o lados evitem um conflito armado.
Um forte nevoeiro atrasou o início dos exercícios em Yeonpyeong
"Quaisquer que sejam as diferenças e disputas entre as partes, estas apenas podem ser resolvidas pelo diálogo e negociação, em vez do conflito e da guerra", disse o ministro-adjunto das Relações Exteriores chinês, Cui Tiankai.
Estados Unidos
O Conselho de Segurança da ONU discutiu a tensão entre as Coreias neste domingo em Nova York, mas não chegou a um acordo após oito horas de debates.
A tensão entre as Coreias ameaçava dividir os membros permanentes do Conselho de Segurança, com a China e a Rússia pedindo à Coreia do Sul que suspendesse os exercícios, mas com os Estados Unidos afirmando que seu aliado tem o direito de garantir que "está devidamente preparado diante das contínuas provocações".
A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, disse que é "seguro prever que é pouco provável que as diferenças que permanecem sejam resolvidas".
A Rússia pediu à Coreia do Sul que cancelasse os exercícios. "É melhor se abster de fazer esse exercício neste momento", afirmou o embaixador russo na ONU, Vitaly Churkin.
Ele disse que a ONU havia fracassado em alcançar um acordo sobre a crise, mas que novos contatos seriam tentados entre as grandes potências para discutir a questão.
A correspondente da BBC em Washington Jane O'Brien disse que o governo do presidente Barack Obama está em uma posição difícil, já que os Estados Unidos têm 28 mil soldados estacionados na Coreia do Sul e seriam certamente envolvidos na disputa se as hostilidades crescerem.
Os Estados Unidos andam sobre uma corda bamba diplomática, tentando evitar uma opção mais conflituosa e ao mesmo tempo permanecer como um forte aliado do governo sul-coreano.
A ilha de Yeonpyeong tem 1.300 moradores, ao lado de centenas de militares, mas a maioria dos civis fugiu após o bombardeio do mês passado, reduzindo a população civil a cerca de cem pessoas.BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.
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