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Coréia do Norte diz que ofertas dos EUA são enganação

Por Agencia Estado
Atualização:

A Coréia do Norte considerou uma "enganação" a oferta de diálogo dos EUA e de uma possível ajuda se o país asiático abandonar suas ambições nucleares, feita na terça-feira pelo presidente americano, George W. Bush. Contudo, Pyongyang concordou hoje em manter conversações de alto nível com a Coréia do Sul no fim do mês a fim de tentar, por meios diplomáticos, reduzir a tensão na Península Coreana, por causa do programa nuclear norte-coreano. No comunicado, divulgado hoje pela agência de notícias oficial KCNA, Pyongyang reiterou que a assinatura de um tratado de não-agressão é o único meio de acabar com o impasse. "Essa falação dos EUA sobre fornecimento de energia e ajuda em alimentos é uma fantasia, já que as ofertas só serão possíveis depois que a Coréia do Norte estiver totalmente desarmada", indicou o comunicado. "Está claro que a conversa dos EUA sobre diálogo não passa de uma enganação para iludir a opinião pública mundial." O porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, disse que não houve uma resposta oficial sobre a oferta. "Este é um novo comentário infeliz da Coréia do Norte", declarou Fleischer, referindo-se ao comunicado norte-coreano. A Coréia do Norte, segundo a agência KCNA, pediu hoje à comunidade internacional que desperte para a verdade e leve os EUA a julgamento por sua culpa na proliferação de armas nucleares. "Em vez de tratar a Coréia do Norte como uma criminosa, contrariamente à verdade, o mundo deveria lembrar que os EUA criaram a bomba atômica e até agora foram a única nação que a utilizaram", divulgou a KCNA, citando um porta-voz do governo não identificado. "A proliferação de armas nucleares em nosso planeta foi iniciada pelos EUA", indicou a agência, acrescentando que Washington usou sua capacidade nuclear para "ameaçar, chantagear e dominar outros países". "Essas iniciativas obrigaram outros países a aumentar seu poderio nuclear de forma competitiva e, a longo prazo, desencadearam a proliferação das armas nucleares", acrescentou. A Coréia do Norte abandonou na semana passada o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que tem 187 signatários. Cinco países membros possuem oficialmente armas nucleares - EUA, França, China, Grã-Bretanha e Rússia - e outros três extra-oficialmente - Índia, Paquistão e Israel. No mês passado, Pyongyang reativou seu reator de Yongbyon, em resposta à decisão dos EUA de suspender o fornecimento de petróleo. A Coréia do Norte também reiterou hoje que está pronta para adotar mais medidas contra os EUA, que irão além de sua decisão de deixar o tratado que busca prevenir a propagação de armas nucleares. Segundo o jornal oficial Minju Joson, "a Coréia do Norte quer esclarecer que não fará qualquer acordo sobre questões relacionadas a sua soberania e dignidade, mas está disposta a adotar medidas imediatas de autodefesa mais vigorosas que a saída do TNP, se necessário". O jornal não especificou quais seriam essas medidas, mas a Coréia do Norte ameaçou recentemente retomar seus testes de mísseis e disse que removeria os EUA da face da terra em "um mar de fogo".

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