Coreia do Norte diz que repensa a realização da cúpula com EUA

Vice chanceler acusa os EUA de "tentar impor o destino da Líbia e do Iraque" à Coreia do Norte; Seul e Washington declararam que seguirão trabalhando para garantir cúpula

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SEUL - A Coreia do Norte disse nesta quarta-feira, 16, que está repensando a continuação da cúpula entre Kim Jong-un e Donald Trump, prevista para o dia 12 de junho, devido às propostas dos Estados Unidos para desmantelar seu programa nuclear de uma só vez. Uma nota assinada pelo vice-chanceler Kim Kye-gwan e divulgada pela agência estatal de notícias "KCNA" diz que a proposta dos EUA "não representa uma tentativa de resolver o problema através do diálogo" e acusa Washington de "tentar impor os destinos arruinados da Líbia  e do Iraque" à Coreia do Norte. "Funcionários de Casa Branca e a Secretária de Estado, incluindo John Bolton, assessor nacional de Segurança, estão divulgando declarações sobre o chamado programa de desarmamento ao estilo Líbia", explica a nota.

Uma nota assinada pelo vice-chanceler da Coreia do Norte,Kim Kye-gwan, acusa Washington de "tentar impor os destinos arruinados da Líbiae do Iraque" à Coreia do Norte Foto: AFP PHOTO/KCNA VIA KNS

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A acusação se refere ao acordo que Trípoli e Washington assinaram em 2003 e pelo qual o regime líbio - derrocado graças ao surgimento de adversários e bombardeiros aliados de 2011 - eliminasse seu programa de armas de destruição em massa e entregasse seu arsenal em troca de incentivos econômicos.

+ Coreia do Norte chama de 'ridículas' críticas dos EUA sobre direitos humanos "Nunca tivemos qualquer expectativa de apoio econômico dos EUA e também não aceitaremos esse acordo no futuro", diz o texto, que termina descrevendo Bolton como "repugnante". Deste modo, Pyongyang adverte Washington de que, se continuar escutando Bolton e outros "pseudopatriotas" que insistem na solução líbia, "a perspectiva da iminente cúpula sobre as relações da Coreia do Norte e Estados Unidos em geral ficará bem clara". A mensagem chega horas depois de o regime norte-coreano cancelar uma reunião de alto nível com Seul, após condenar as manobras aéreas realizadas pela Coreia do Sul e EUA.  

Os comunicados de Pyongyang de hoje supõem um grande balde de água fria após meses de progressos para melhorar as relações entre a Coreia do Norte e a comunidade internacional, além de tentar buscar uma solução para a questão nuclear na península.

Seul e Washington seguirão trabalhando para garantir cúpula

O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, e o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, concordaram nesta quarta-feira, por telefone, em seguir trabalhando para que aconteça a cúpula entre Kim Jong-un e Donald Trump, depois que Pyongyang ameaçou cancelar a reunião.

+ Cronologia: Mais de 70 anos de tensão entre EUA e Coreia do Norte Os dois "concordaram em manter uma estreita cooperação entre a Coreia do Sul e os EUA para conseguir a desnuclearização completa e o estabelecimento da paz na península coreana através de uma bem-sucedida cúpula entre Washington e Pyongyang", explica um comunicado do Ministério das Relações Exteriores sul-coreano. Pompeo insistiu que, apesar da mensagem do regime norte-coreano, Washington siga com os preparativos para a cúpula entre os líderes dos países, segundo explica o texto do ministério sul-coreano. Por sua vez, Kang insistiu que o governo do seu país está decidido a implementar a declaração que o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, assinaram no último dia 27 de abril, se comprometendo em conseguir a paz e a "desnuclearização total" da península. Ele também explicou a Pompeo que Seul pediu ao Norte que retome o mais rápido possível o diálogo intercoreano. /EFE

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