Coreia do Norte nega ter torturado estudante americano libertado em estado de coma

Pyongyang afirmou que prestou a Otto Warmbier um atendimento médico ‘honesto’ e ‘humanitário’, e alega que EUA estão organizando uma ‘campanha difamatória’

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SEUL - O governo da Coreia do Norte negou nesta sexta-feira, 23, ter torturado ou maltratado na prisão o estudante americano Otto Warmbier, que morreu depois de ter sido libertado por Pyongyang em estado de coma. O país acusa os EUA de organizarem uma "campanha difamatória".

Pyongyang afirma que providenciou ao jovem um atendimento médico "honesto" e "humanitário". "Ainda que não tivéssemos razão alguma para mostrar misericórdia por semelhante criminoso de um Estado inimigo, demos cuidado e tratamento médico com total honestidade e sob fundamentos humanitários até seu retorno aos EUA", segundo o comunicado da agência de notícias norte-coreana KCNA.

O regime norte-coreano alega que Otto Warmbier sofria de botulismo, foi medicado com um comprimido para dormir e não voltou a acordar, versão rejeitada pela família Foto: REUTERS/Kyodo

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O texto considera ainda que as acusações de tortura e maus-tratos ao estudante "não têm base". "O fato de Warmbier morrer repentinamente menos de uma semana após seu retorno aos EUA em um estado de saúde com indicadores normais também é um mistério para nós.”

Esta é a primeira reação da Coreia do Norte ao anúncio da morte do estudante de 22 anos que foi repatriado no dia 13 de junho em coma. O jovem havia sido condenado a 15 anos de trabalhos forçados no país pelo roubo de um cartaz de propaganda do regime de Kim Jong-un.

"Nossas agências competentes tratam todos os criminosos (...) dentro do respeito das leis nacionais e dos parâmetros internacionais", afirmou um porta-voz do Conselho para a Reconciliação Nacional, segundo a KCNA. "Não têm a mínima ideia de como Warmbier foi bem tratado (...), mas se atrevem a pronunciar as palavras 'maus-tratos' e 'tortura'.”

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano, citado pela imprensa estatal, acusou Washington de organizar uma "campanha difamatória" contra o país. "Para deixar claro, nós somos a principal vítima deste incidente e não há conclusão mais absurda do que estabelecer que não sabemos como calcular o que podemos ganhar e perder (com um episódio deste tipo)", diz o texto.

O presidente dos EUA, Donald Trump, qualificou o que aconteceu com o estudante de "escândalo". A Coreia do Sul atribuiu a morte de Warmbier ao regime "irracional" de Pyongyang, que acusa Seul de usar a morte do jovem para tentar obter a libertação de seis presos sul-coreanos.

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O regime norte-coreano alega que Warmbier sofria de botulismo, foi medicado com um comprimido para dormir e não voltou a acordar, versão rejeitada pela família do estudante e da qual as autoridades americanas duvidam.

Nos últimos anos, o regime de Kim deteve vários americanos que estavam em seu território e depois os usou como moeda de troca para obter concessões de Washington. Atualmente, Pyongyang mantém presos outros três cidadãos dos EUA, todos acusados de cometer crimes contra o Estado. / AFP e EFE

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