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Coreia do Norte pode retomar diálogo sobre programa nuclear

Kim Jong Il diz que quer realizar a última vontade de seu pai de 'denuclearizar a península coreana'

Por Efe
Atualização:

A Coreia do Norte mostrou-se aberta ao diálogo sobre seu programa nuclear ao receber em Pyongyang nesta segunda-feira, 5, o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, que participa das comemorações pelos 60 anos das relações entre ambos os países comunistas.

 

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Segundo a agência norte-coreana KCNA, o líder do país, Kim Jong Il, manifestou a Wen a "vontade, mediante diálogos bilaterais e multilaterais, de promover a desnuclearização da península coreana, a última vontade do falecido presidente Kim Il Sung". As declarações foram feitas depois que Jong Il afirmou em setembro que Pyongyang estaria disposta a retomar os contatos bilaterais e multilaterais sobre o programa atômico do país.

 

O primeiro-ministro chinês chegou à capital norte-coreana no domingo, onde ficará até a terça-feira, quando participará de um ato pelos 60 anos das relações entre os dois países. Nesta segunda o presidente da China, Hu Jintao, enviou uma mensagem oficial ao governo da Coreia do Norte por ocasião da data. Na nota, ele lembrou a cooperação existente em assuntos regionais e internacionais, informou a agência Xinhua.

 

Kim Jong Il também enviou uma mensagem à China, na qual ressaltou a cooperação e a amizade de ambas as partes e as "grandes contribuições" que as duas nações fizeram para "a paz e a segurança na Ásia".

 

Embora a imprensa sul-coreana tenha dado informações sobre um encontro em Pyongyang entre Wen e Kim, os meios de comunicação da Coreia do Norte ainda não confirmaram a reunião.

 

A visita de Jiabao a Pyongyang acontece em meio aos esforços internacionais para que a Coreia do Norte volte ao diálogo multilateral sobre sua desnuclearização, estagnado desde o fim de 2008.

 

Alguns analistas sul-coreanos acham que a Coreia do Norte fará um anúncio importante sobre o tema durante a estada de Wen, o político chinês de mais alto nível a visitar Pyongyang desde a viagem do presidente Hu, em 2005. Além de ser o maior aliado e o maior parceiro comercial da Coreia do Norte, a China é a anfitriã das conversas sobre o plano nuclear norte-coreano, que incluem EUA, Japão, Coreia do Sul e Rússia.

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Esse diálogo, no entanto, está suspenso desde maio, quando, um mês depois de lançar um foguete de longo alcance, Pyongyang voltou a desafiar a comunidade internacional realizando um novo teste nuclear, o primeiro desde outubro de 2006.

 

O comportamento da Coreia do Norte fez o Conselho de Segurança da ONU, apoiado pela China, adotar sanções contra Pyongyang, que, em resposta, abandonou a mesa de diálogo. Tudo indica que as relações entre os dois países comunistas voltaram ao normal, dado o papel de mediador que a China quer desempenhar na desnuclearização norte-coreana.

 

Pyongyang, por sua vez, tem interessem em receber ajudas econômicas de Pequim. Segundo a imprensa sul-coreana, desde que chegou de visita à Coreia do Norte, o primeiro-ministro chinês assinou com Kim vários acordos de cooperação em matéria de economia, educação e turismo.

 

A visita de Wen à China coincidiu com a ida do ministro de Defesa sul-coreano, Kim Tae-young, a uma comissão parlamentar, à qual disse ter em mãos uma lista com cerca de cem lugares na Coreia do Norte onde haveria material relacionado ao programa nuclear de Pyongyang.

 

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Nesta segunda também foi divulgado um relatório do Ministério de Assuntos Exteriores sul-coreano que diz que, desde que assinou um acordo com os EUA em 1994, a Coreia do Norte recebeu US$ 2,288 bilhões em troca de seu desarmamento. A Coreia do Sul teria contribuído com US$ 1,150 bilhão desse valor, enquanto Japão e a União Europeia (UE) deram US$ 410 milhões e US$ 18 milhões, respectivamente, para a suposta construção de um reator de água leve.

 

Além disso, até 2002, os EUA repassaram 3,65 milhões toneladas de combustível, equivalentes a US$ 400 milhões. A isso se soma o acordo assinado em 2007 em troca da desnuclearização de Pyongyang, a parir do qual os países participantes do diálogo nuclear entregaram um total de 745.000 toneladas de petróleo, equivalentes a US$ 310 milhões.

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