
09 de setembro de 2016 | 10h23
SEUL - A Coreia do Norte realizou seu quinto e maior teste nuclear nesta sexta-feira, 9, e afirmou ter dominado a habilidade de montar uma ogiva em um míssil balístico, aumentando uma ameaça que seus rivais e a ONU foram incapazes de conter.
A explosão, na comemoração dos 68 anos da fundação da Coreia do Norte, foi mais poderosa que a bomba detonada em Hiroshima, de acordo com estimativas, e provocou condenações dos EUA, assim como da China, principal aliada de Pyongyang.
Sob o comando do ditador Kim Jong-un, de 32 anos, a Coreia do Norte acelerou o desenvolvimento de seu programa nuclear e de mísseis apesar de sanções da ONU, que foram endurecidas em março e isolaram ainda mais o país.
A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, que estava no Laos após uma cúpula de líderes asiáticos, disse que o líder norte-coreano está mostrando um "atrevimento maníaco" ao ignorar completamente o pedido do mundo para abandonar a busca por armamentos nucleares.
O presidente dos EUA, Barack Obama, voltando do Laos para casa a bordo do avião presidencial Air Force One, disse que o teste irá acarretar "consequências sérias" e conversou com Park e com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, informou a Casa Branca.
A China disse ser terminantemente contrária ao teste e exortou Pyongyang a parar de adotar quaisquer ações que agravem a situação, dizendo que irá apresentar um protesto à embaixada norte-coreana em Pequim.
A Coreia do Norte, que classifica os sul-coreanos e os americanos como seus inimigos principais, disse que seus "cientistas e técnicos realizaram um teste de explosão nuclear para julgar o poder de uma ogiva nuclear", de acordo com a agência de notícias KCNA.
O regime disse que o teste provou que a Coreia do Norte é capaz de montar uma ogiva nuclear em um míssil balístico de alcance médio, testado pela última vez na segunda-feira, quando Obama e outros líderes mundiais estavam reunidos na China para a cúpula do G20. Nunca foi possível verificar de maneira independente as afirmações de Pyongyang sobre sua capacidade de miniaturizar uma ogiva nuclear.
Veja abaixo: Coreia do Norte simula ataques nucleares
Seus testes contínuos, que desafiam as sanções impostas ao país, representam um desafio para Obama nos últimos meses de seu mandato e poderiam influenciar a eleição presidencial americana em novembro, além de se tornar uma dor de cabeça a ser herdada por quem o suceder.
"As sanções já foram impostas em quase tudo que é possível, então a política está em um impasse", disse Tadashi Kimiya, professor da Universidade de Tóquio especializado em temas coreanos. "Na realidade, os meios pelos quais EUA, Coreia do Sul e Japão podem pressionar a Coreia do Norte chegaram ao limite", afirmou.
A Coreia do Norte vem testando tipos diferentes de mísseis em um ritmo inédito neste ano, e a capacidade de montar uma ogiva nuclear em um míssil é especialmente preocupante para seus vizinhos sul-coreanos e japoneses. "A padronização da ogiva nuclear irá permitir que a República Popular Democrática da Coreia produza uma variedade de ogivas nucleares menores, mais leves e diversificadas e de maior poder de impacto à vontade e tantas quantas quiser", disse a KCNA.
Não ficou claro se Pyongyang notificou Pequim ou Moscou sobre seu plano de teste nuclear.
Radiação. O Serviço Meteorológico da Rússia (SMR) informou ainda nesta sexta-feira que o nível de radiação no extremo oriente do país se mantém dentro das categorias normais após o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte, e descartou a possibilidade que substâncias radioativas alcancem o território russo.
"O vento sopra do norte e manterá sua direção nos próximos dias. Com este vento, inclusive se aconteceu um escape de substâncias radioativas, estas não chegarão aqui", disse à agência de notícias Interfax Victor Chulkov, porta-voz do SMR para a região russa na fronteira com a Coreia do Norte.
Ele acrescentou que 30 estações do SMR vigiam os níveis de radiação na fronteira, e informam periodicamente a população sobre o assunto por meio de seu site. /Reuters e EFE
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.