Coreia do Norte rejeita diálogo com Seul e diz que enviará tropas à fronteira

Coreia do Sul sugeriu enviar representantes ao país vizinho após o governo norte-coreano destruir o escritório de comunicação intercoreano

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

SEUL - A Coreia do Norte rejeitou publicamente nesta quarta-feira as tentativas de diálogo da Coreia do Sul e anunciou que voltará a enviar tropas para áreas de fronteira que haviam sido desmilitarizadas após um acordo entre os dois países, assinado em 2018.

Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, está à frente das decisões sobre o conflito com a Coreia do Sul. Foto: Jorge Silva/EFE

PUBLICIDADE

Em comunicado divulgado pela agência estatal de notícias "KCNA" apenas um dia depois de o governo norte-coreano destruir o escritório de comunicação intercoreano, Kim Yo-jong, irmã do líder Kim Jong-un, disse que o regime rechaça o envio de representantes sul-coreanos a seu território para um diálogo.

"(Kim Yo-jong) anunciou nossa posição de que rejeitamos a proposta sinistra e sem tato", diz o comunicado lido pela agência estatal.

Em declaração também divulgada pela "KCNA", a própria Kim chamou de "repugnante" um discurso feito na segunda-feira pelo presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, por ocasião do 20º aniversário da primeira cúpula entre as duas Coreias e no qual pediu aos vizinhos do norte para que não voltem atrás na aproximação.

A irmã do líder norte-coreano declarou que o discurso não incluiu um pedido de desculpas pelo envio de panfletos de propaganda contra o regime de Kim Jong-un por parte de ativistas sul-coreanos, razão pela qual a Coreia do Norte alegou ter optado por retomar uma atitude beligerante em relação ao país vizinho.

Essas palavras de Kim Yo-jong, assim como os planos de remilitarização da fronteira que o Estado-Maior da Coreia do Norte também comunicou hoje através da "KCNA", reforçam a intenção de Pyongyang de não querer aliviar tensões.

A liderança militar norte-coreana confirmou hoje que vai enviar tropas para a área ao redor da cidade de Kaesong, no sudoeste do país, e do Monte Kumgang, no sudeste, ao longo da fronteira que separa as Coreias.

Publicidade

As duas regiões fronteiriças, símbolos de uma cooperação agora suspensa, foram desmilitarizadas com base em um acordo assinado por ambos os países na cúpula realizada em setembro de 2018 em Pyongyang.

A Coreia do Norte também disse que vai reativar postos de guarda de fronteira e reiniciar "todos os tipos de exercícios militares" perto do país vizinho.

Alguns analistas políticos acreditam que o regime encontrou no envio de balões com panfletos de propaganda uma desculpa para endurecer uma estratégia de pressão originada na fracassada cúpula sobre desnuclearização ocorrida em Hanói, no Vietnã, em fevereiro de 2019.

Segundo a agência Yonhap, o ministro sul-coreano da Unificação, Kim Yeon-chul, ofereceu entregar o cargo e assumiu a responsabilidade por piorar a relação entre as duas Coreias./Informações da EFE e Reuters

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.