Coreia do Norte será tema central de Trump à Ásia

Presidente americano reforçará compromissos de defesa com Japão e Coreia do Sul e pedirá mais pressão da China

PUBLICIDADE

Por Cláudia Trevisan , Correspondente e Washington
Atualização:

WASHINGTON - A Coreia do Norte dominará o início da viagem que o presidente Donald Trump fará à Ásia a partir de segunda-feira, na qual reafirmará os compromissos de defesa dos EUA com Japão e Coreia do Sul e tentará convencer a China a aumentar a pressão para que Pyongyang abandone o seu programa nuclear.

+ Xi recebe Trump e tenta ocupar vácuo deixado por novo governo dos EUA

Trump também tentará reivindicar liderança regional em temas econômicos, depois do abalo provocado por sua decisão de retirar os EUA da Parceria Transpacífica (TPP). O acordo comercial reuniria 40% do PIB mundial e não teria participação da China.

Trump desce de helicóptero na base Andrews, em Maryland, antes de embarcar no avião Air Force One Foto: REUTERS/Jonathan Ernst

PUBLICIDADE

Nos encontros que terá com Xi Jinping a partir de quarta-feira, Trump demandará “reciprocidade” nas relações econômicas bilaterais, o que na prática significaria redução de barreiras comerciais, abertura de setores hoje fechados ao capital externo e fim da exigência de transferência de tecnologia a empresas americanas que investem no país.

Mas a Coreia do Norte estará no centro das conversas. “Trump gostaria que Xi Jinping usasse seu poder para mudar o comportamento da Coreia do Norte”, afirmou Scott Snyder, especialista em península coreana do Council on Foreign Relations. “Os EUA acreditam que a China tem uma influência econômica única sobre a Coreia do Norte, que pode ser mobilizada.”

Em conferência telefônica sobre a viagem, na quarta-feira, um assessor da Casa Branca disse que a China fez até agora mais do que era esperado em relação a Pyongyang. “Os EUA estão trabalhando mais próximos do que nunca com a China no problema norte-coreano.” Mas ele ressaltou que ainda há mais a fazer, se for considerado o fato de que a China responde por 90% do fluxo de comércio da Coreia do Norte.

Snyder é cético quanto à possibilidade de sucesso da pressão externa. “Não vemos nenhuma evidência de que Coreia do Norte tenha interesse em abandonar seu programa nuclear. Eles estão interessados em se engajar com o mundo exterior com o status de potência nuclear, mas os EUA não estão preparados para aceitar isso.”

Publicidade

Negócios. As conversas com a China sobre comércio e investimentos prometem ser tensas. “O progresso em um número de questões econômicas bilaterais se tornou cada vez mais difícil”, disse outro assessor da Casa Branca na mesma conferência telefônica. É praxe que sua identidade não seja revelada. “Nós acreditamos que isso reflete uma desaceleração ou até um recuo no movimento da China na direção de uma economia de mercado.”

Snyder disse que a saída do TPP representou um golpe na capacidade dos EUA de desempenharem liderança econômica na região. Mas ele não está seguro que a China poderá ocupar esse espaço.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.