Coreia do Sul anuncia mais sanções à Coreia do Norte em resposta aos testes nucleares

Dentre as medidas, Seul vetou a entrada de embarcações de qualquer nacionalidade que tenham entrado no país vizinho nos últimos 180 dias

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Por Redação
Atualização:

SEUL - A Coreia do Sul vetou nesta terça-feira, 8, as transações com altos funcionários da Coreia do Norte e proibiu a entrada de embarcações que tenham visitado o país vizinho, em resposta aos recentes testes nucleares que foram sancionados pela ONU.

O Escritório do primeiro-ministro em Seul apresentou uma lista negra de 38 autoridades norte-coreanas e duas estrangeiras, junto com 30 organizações - 24 delas com base em Pyongyang - a quem acusa de estarem vinculadas aos programas de armas nucleares e de mísseis do Estado comunista.

Kim Jong-un, ditador da Coreia do Norte, assina autorização para teste com bomba de hidrogênio Foto: AFP PHOTO / KCNA

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As pessoas e entidades incluídas na lista negra - a primeira deste tipo criada por Seul - não poderão realizar transações financeiras ou de propriedades com bancos sul-coreanos e estes deverão congelar seus ativos, segundo o comunicado do órgão governamental sul-coreano.

A lista inclui Hong Sung-mu, subdiretor do Partido dos Trabalhadores, a quem se atribui a direção do teste nuclear de 6 de janeiro, e Kim Yong-chu, ex-diretor do Bureau Geral de Reconhecimento, ligado a dois conflitos armados na fronteira do Mar Amarelo em 2011.

Outra medida anunciada nesta terça-feira pela Coreia do Sul dentro do pacote de sanções unilaterais é a proibição da entrada em suas águas de navios de qualquer nacionalidade que tenham visitado a Coreia do Norte nos últimos 180 dias.

Em virtude desta medida, o governo sul-coreano planeja suspender o projeto Rajin-Khasan, iniciativa de comércio multinacional que consiste em enviar por trem cargas procedentes da Rússia ao porto norte-coreano de Rajin para serem transportadas em navio à Coreia do Sul.

O navio de carga norte-coreano Grand Karo chegou ao porto de Rizhao, no nordeste da China, há alguns dias. Contudo, o porto não permitiu que a embarcação atracasse, disse um funcionário da Autoridade Marítima de Rizhao, recusando-se a se identificar por não estar autorizado a falar com a mídia.

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O navio é um dos 31 incluídos em uma lista negra do Ministério do Transporte chinês. Pelo menos dois outros barcos dessa relação de cargueiros barrados já zarparam depois de ficarem ancorados nas imediações de portos chineses, segundo mostram dados de rastreamento de navegação.

O Grand Karo está agora ancorado a cerca de 35 km de Rizhao. "A operadora da embarcação terá que decidir o que pode fazer", disse o funcionário da Autoridade Marítima de Rizhao.

Segundo informaram fontes do governo à agência local Yonhap, Seul já comunicou a Moscou sua intenção de paralisar o projeto, que está em fase de testes há meses e é considerado de grande utilidade, já que o frio bloqueia temporariamente o uso dos portos no inverno.

A Rússia teria expressado seu mal-estar pela decisão, segundo a agência sul-coreana, mas ainda não se pronunciou formalmente.

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Em 2015, 66 navios - a maioria cargueiros para o transporte de aço - atracaram nos portos sul-coreanos após terem passado pela Coreia do Norte, segundo dados do governo citados pela Yonhap.

As medidas impostas por Seul chegam menos de uma semana após a aprovação da resolução 2270 do Conselho de Segurança da ONU, em resposta ao quarto teste nuclear da Coreia do Norte realizado em janeiro e ao lançamento espacial de fevereiro, considerado um teste de mísseis encoberto.

A resolução da ONU inclui sanções como a inspeção obrigatória de cargas, restrições na exportação de matérias-primas, embargo do comércio de armas leves, proibição de venda ao país de combustível aeroespacial e sanções financeiras sobre indivíduos, entidades e ativos norte-coreanos.

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A Coreia do Sul já havia anunciado medidas unilaterais para afogar o comércio e o acesso a divisas de seu vizinho do Norte, sendo a mais severa delas a ordem de fechamento do complexo industrial intercoreano de Kaesong, último projeto econômico em comum entre as duas Coreias. /EFE e REUTERS

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