SEUL - O presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, qualificou nesta segunda-feira, 29, de crime contra a humanidade o recente bombardeio norte-coreano contra a ilha de Yeonpyeong, percentencente a Seul, perto da fronteira marítima entre as duas nações, e disse que seu país vai retaliar em caso de novas provocações.
Veja também: TV Estadão: Roberto Godoy analisa nova crise coreana Radar Global: Veja imagens do ataque norte-coreano Arquivo Estado: O armistício de Pan-Mun-Jon Infográfico: As origens do impasse na península coreana Entenda a crise entre os dois países
Criticado internamente pela reação hesitante ao ataque da semana passada, Lee fez seu primeiro pronunciamento público sobre o assunto enquanto embarcações militares da Coreia do Sul e dos EUA participavam de manobras militares conjuntas na região, que são motivo de preocupação na China e provocaram ameaças de guerra total por parte da Coreia do Norte.
"A Coreia do Norte pagará um preço no caso de novas provocações", disse Lee. "Atacar civis militarmente é um crime desumano, que é rigidamente proibido num momento de guerra (...). Agora é hora de demonstrar ação, e não de proferir cem palavras", disse.
Escaramuças na costa oeste da península coreanas são relativamente comuns, mas o bombardeio de terça-feira foi o primeiro ataque a uma zona residencial nas últimas décadas. Dos quatro mortos, dois eram civis.
O incidente mergulhou a região no seu momento de maior tensão nos últimos 20 anos, mas especialistas acham improvável que ocorra uma guerra total.
A agência de avaliação de riscos Moody's Investors Service disse que a incerteza já foi levada em conta nas notas de crédito da Coreia do Sul, e que os recentes incidentes não devem afetar imediatamente a avaliação.
Tecnicamente, as duas Coreias continuam em guerra, pois o conflito de 1950-53 terminou apenas com um armistício, e não com um tratado de paz. A China, pressionada a controlar a Coreia do Norte, sua aliada, propôs reuniões de emergência para tratar da situação.
EUA e Japão reagiram com cautela, dizendo que consultariam a Coreia do Sul sobre essa possibilidade. O governo sul-coreano disse que sentar para conversar com a Coreia do Norte seria na prática recompensar o mau comportamento desse país.
Uma fonte oficial norte-coreana também manifestou ceticismo com a proposta chinesa, segundo a agência japonesa de notícias Kyodo. Sob anonimato, esse funcionário disse que o diálogo deveria partir dos países "responsáveis" pelo impasse.
Reunificação
Também nesta segunda-feira o jornal The New York Times noticiou que o site WikiLeaks tem em seu poder comunicações diplomáticas dos EUA mostrando que funcionários americanos e sul-coreanos discutiram sobre as perspectiva de uma Coreia unificada.
Saiba mais:China convoca reunião sobre CoreiasJapão resiste a proposta de diálogo com Pyongyang
A Coreia do Sul teria cogitado concessões comerciais à China para convencer Pequim a aceitar a reunificação coreana, segundo relato do embaixador americano em Seul, citado pelo jornal.