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Coréias do Norte e do Sul se acusam mutuamente pela troca de tiros

Por Agencia Estado
Atualização:

As Coréias do Sul e do Norte acusaram-se uma à outra pela troca de tiros entre navios de guerra dos dois países na disputada fronteira naval, que deixou quatro marinheiros sul-coreanos mortos, 20 feridos e um desaparecido durante um confronto na madrugada de hoje, no Mar Amarelo. O governo sul-coreano exigiu um pedido de desculpas da Coréia do Norte e disse que os norte-coreanos têm "total responsabilidade" pelo ocorrido. A Coréia do Norte, por sua vez, acusou o Sul de uma "grave provocação" e afirmou ter agido em defesa própria. Segundo o Ministério da Defesa da Coréia do Sul, um de seus navios foi afundado no Mar Amarelo, a 170 quilômetros do Aeroporto Internacional de Inchon, por onde milhares de turistas chegaram à Coréia neste mês para assistir aos jogos da Copa do Mundo. De acordo com o general sul-coreano Lee Sang-hee, os navios norte-coreanos dispararam os primeiros tiros. "Nosso governo exige uma retratação e a punição dos responsáveis", declarou o general, durante entrevista coletiva. A troca de tiros, que durou cerca de 20 minutos, aconteceu no mesmo local de outra batalha ocorrida em junho de 1999, quando dezenas de marinheiros norte-coreanos morreram após nove dias de incursões do Norte. Esta batalha de 1999 havia sido o primeiro confronto naval entre os dois países desde a Guerra Coreana, entre 1950 e 1953. A agência oficial de notícias da Coréia do Norte, KCNA, negou a versão do Sul e disse que os navios de patrulha do Exército norte-coreano estavam fazendo rondas rotineiras quando foram alvejados pela Coréia do Sul. O presidente sul-coreano, Kim Dae-jung, convocou uma reunião de emergência do Conselho Nacional de Segurança para dar uma resposta ao incidente, que representa um golpe contra sua política de reaproximação com o Norte, vencedora de um Prêmio Nobel, feita com pacotes de ajuda, comércio e reunião de famílias. Há poucos dias, Kim havia reiterado que sua política estava contribuindo para garantir a segurança no país durante a Copa. Para o partido de oposição da Coréia do Sul, Grande Partido Nacional, que tem criticado o auxílio financeiro do presidente Kim à Coréia do Norte, os norte-coreanos "jogaram água fria no processo de reconciliação". "Com o fim da Copa do Mundo se aproximando, só podemos suspeitar que a provocação da Coréia do Norte tenha sido planejada e intencional", disse o Partido. Na Rússia, o Ministério da Defesa expressou "séria inquietação" diante do confronto naval entre as Coréias e pediu que os dois países se esforcem para evitar que o incidente acabe com o diálogo político iniciado em 2000, quando líderes do Sul e do Norte participaram de um encontro histórico visando a reconciliação dos países-irmãos.

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