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Em agosto, famílias coreanas separadas pela guerra se encontrarão pela primeira vez desde 2015

Autoridades dos dois países se reuniram para discutir reconciliação e desnuclearização da Península Coreana

Atualização:

SEUL - Coreia do Norte e Coreia do Sul concordaram nesta sexta-feira, 22, em realizar reuniões temporárias das famílias divididas pela guerra, enquanto seguem trabalhando nos esforços rumo à reconciliação e nos esforços para resolver a crise nuclear norte-coreana.

Funcionária da Cruz Vermelha coreana fala ao telefone enquanto recebe pedido para reunião de família coreana separada durante a guerra. Foto: AFP PHOTO /Jung Yeon-je

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Os encontros ocorrerão no resort Diamond Mountain, na Coreia do Norte, entre os dias 20 e 26 de agosto, informou o Ministério da Unificação de Seul, após reunião de nove horas entre funcionários da Cruz Vermelha dos dois lados.

O Ministério declarou que os países enviarão 100 participantes para as reuniões e aqueles que tiverem problemas de mobilidade poderão trazer um parente para ajudá-los. Os encontros temporários envolvem muita emoção, já que a maior parte dos que participam é de idosos ansiosos para ver seus entes queridos antes de morrerem.

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Os líderes norte-coreano, Kim Jong-un, e sul-coreano, Moon Jae-in, concordaram em realizar as reuniões no encontro que tiveram em abril e decidiram que o evento será realizado no dia 15 de agosto, data que marca o aniversário de independência da Península Coreana do domínio japonês, ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Depois de abril, Kim e Moon se encontraram novamente em maio. As duas cúpulas abriram canais de conversação sobre a paz entre os dois lados. Recentemente, eles concordaram em restaurar os canais de comunicação militares e jogar em times conjuntos em algumas modalidades esportivas nos próximos Jogos Asiáticos, na Indonésia.

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"Se nos separarmos do passado infeliz e adquirirmos uma mentalidade forte para os novos tempos, a cooperação humanitária entre o Norte e o Sul florescerá", disse o enviado da Coreia do Norte, Park Yong-il. O presidente da Cruz Vermelha na Coreia do Sul, Park Kyung-seo, expressou esperança de que as conversações possam "resolver a dor" de sua nação.

A última vez em que as duas Coreias realizaram encontros familiares foi em 2015, antes que as tensões na região escalassem diante da busca acelerada de mísseis nucleares por Pyongyang, que não foram bem recebidas pelo governo sul-coreano.

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Desde o armistício da Guerra da Coreia, em 1953, os dois países proibiram cidadãos comuns de visitar parentes do outro lado da fronteira ou entrar em contato com eles sem permissão. Cerca de 20 mil coreanos já participaram de reuniões familiares temporárias realizadas pelos dois países desde 2000.

Pesquisas.

Além de uma nova rodada de reuniões entre os dois governos, autoridades sul-coreanas também propuseram a realização de uma pesquisa para confirmar quais são os membros sobreviventes das famílias que foram separadas e a possibilidade de que possam visitar suas cidades-natal. No entanto, segundo Park, um acordo não foi alcançado nessa questão.

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O número de reuniões é limitado para atender às demandas de parentes idosos, que estão, na maioria, entre 80 e 90 anos, dizem autoridades sul-coreanas. De acordo com o Ministério da Unificação de Seul, mais de 75 mil dos 132 mil sul-coreanos que se candidataram para as reuniões anteriores já morreram e nenhum dos cidadãos que já participaram de algum encontro pode participar novamente.

A Coreia do Sul usa uma loteria computadorizada para escolher quem vai participar dos encontros familiares, enquanto, na Coreia do Norte, acredita-se que os participantes são escolhidos de acordo com sua lealdade ao regime de Kim.

Analistas sul-coreanos afirmam que a Coreia do Norte permite poucas reuniões porque teme desperdiçar o que considera ser uma barganha diplomática importante.

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Houve medo de que a reunião de sexta-feira pudesse ficar contenciosa, caso as autoridades norte-coreanas reiterassem sua demanda pelo retorno de 12 trabalhadoras do país em troca das reuniões.

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Segundo Seul, as 12 mulheres eram funcionárias de um restaurante norte-coreano na China, mas desertaram e se estabeleceram na Coreia do Sul em 2016. No entanto, o caso começou a ser revisado, depois que surgiram informações de que algumas delas foram levadas contra sua vontade.

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Park não respondeu diretamente quando perguntado se Pyongyang havia levantado a questão durante a reunião. No ano passado, um encontro familiar foi rejeitado pelo Norte, que queria o retorno das trabalhadoras primeiro. / AP

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