Coreias negociam reunião de 200 famílias separadas pela guerra

Discussões são novo sinal da aparente tentativa do regime de Pyongyang de reaproximar-se dos EUA e de Seul

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Por Efe
Atualização:

Representantes da Cruz Vermelha das duas Coreias iniciaram nesta quarta-feira, 26, os primeiros contatos em território norte-coreano para reunir 200 famílias de ambos lados da fronteira, informou a agência Yonhap. Seul e Pyongyang iniciaram seus primeiros contatos bilaterais sem grandes divergências para retomar reuniões familiares suspensas há dois anos, que voltaram a unir coreanos separados pela guerra que dividiu a península em 1953.

 

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A delegação sul-coreana propôs a visita de cem famílias sul-coreanas ao monte Kumgang entre os dias 27 e 29 de setembro, enquanto outras cem famílias norte-coreanas o façam entre os dias 6 e 8 de outubro, embora o Norte pediu que todas elas se encontrem entre os dias 3 e 8 de outubro.

 

Este primeiro encontro, dos três previstos, está destinado principalmente a determinar a data e o número de famílias separadas que se reunirão durante a festividade do Chusok, a princípios de outubro, depois que as reuniões se suspendessem em outubro de 2007.

 

Os encontros familiares transcorriam nos refeitórios e salas de visita do hotel Kumgangsan, onde anciãos de ambos os lados da fronteira se abraçavam a seus irmãos que viram pela última vez quando eram crianças e o país era dividido pela Guerra da Coreia (1950-1953).

 

A delegação de Seul insistiu na necessidade de incluir nas reuniões familiares prisioneiros sul-coreanos da Guerra da Coreia, assim como sequestrados pela Coreia do Norte durante os anos 70, colocação que sempre foi rejeitado por Pyongyang. Se estima que cerca de 600 mil sul-coreanos têm familiares na Coreia do Norte, depois que a guerra os separasse.

 

A Coreia do Sul pediu que a reunião das famílias fosse considerada um assunto humanitário independente da situação política entre Seul e Pyongyang e que se proceda identificar o paradeiro dos familiares e se facilite troca de correspondência e videoconferências. Antes de ir a Coreia do Norte, o secretário-geral da Cruz Vermelha sul-coreana, Kim Young-Chol, disse que tentará que um maior número de famílias possa ser incluída nas reuniões, segundo a agência sul-coreana Yonhap.

 

Pyongyang se comprometeu recentemente a retomar os contatos familiares após uma reunião realizada na semana passada entre o líder norte-coreano, Kim Jong-il, e a presidente do grupo sul-coreano Hyundai, Hyun Jeong-Eun, empresa que tem um grande papel no complexo de Kumgang.

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Este encontro acontece num momento em que o regime comunista da Coreia do Norte vive sob as sanções financeiras impostas pelo Conselho de Segurança da ONU em resposta ao teste nuclear que realizou Pyongyang em maio.

 

As reuniões entre as famílias separadas começaram após a histórica cúpula de 2000 em Pyongyang entre o líder norte-coreano, Kim Jong-il, e o então presidente sul-coreano, Kim Dae-jung Até agora um total de 16 rodadas de reuniões permitiram que pessoas de sistemas completamente diferentes se encontrem e possam compartilhar, embora brevemente, um emotivo tempo juntos, enquanto os mais anciãos podiam ver-se por videoconferências.

 

A última rodada de reuniões aconteceu em outubro de 2007 e não voltaram a celebrar-se devido à deterioração das relações entre as duas Coreias desde que o conservador Lee Myung-bak assumiu a Presidência sul-coreana em fevereiro do ano passado. As duas Coreias se encontram tecnicamente em guerra depois que a guerra que enfrentou a ambos bandos entre 1950 e 1953 concluísse a assinatura de um tratado de paz.

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