Correa diz que lei não causou fim de edição impressa do 'Hoy'

Presidente do Equador afirma que o jornal era mal administrado; periódico culpou falta de liberdade em razão da Lei de Comunicação

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QUITO - Após o jornal equatoriano Hoy lançar sua última edição impressa diária no domingo 29 e afirmar, em editorial, que a decisão foi consequência da "autocensura" provocada pela Lei de Comunicação, o presidente Rafael Correa rebateu as alegações e atribuiu o encerramento da edição impressa diária à "péssima administração" do jornal.

"O jornal Hoy vem acumulando prejuízos há anos em razão de uma péssimas administração. Como mentem no país aqueles que deveriam informar", afirmou o presidente equatoriano em sua conta no Twitter na segunda-feira 30. 

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O órgão regulador de mídia, criado com a Lei de Comunicação, também questionou as razões apresentadas pelo jornal. "Atribuir à lei uma má gestão administrativa é querer repassar a culpa da própria ineficácia", disse o diretor de Comunicação, Carlos Ochoa.

Fundado há 32 anos, o Hoy, considerado pelo governo como opositor, anunciou que terá apenas a edição online e justificou a decisão. A versão impressa deixa de circular em razão da "gradual perda de liberdades e limitação das garantias constitucionais que sofre o Equador, a autocensura que impõe a vigência da Lei de Comunicação e os repetidos ataques diretos e indiretos à imprensa que o governo não controla", diz o editorial.

A Lei de Comunicação, criada após um referendo e vigente há um ano, é criticada por organismos de imprensa internacionais por restringir, segundo eles, o trabalho jornalístico. A lei prevê uma redistribuição equitativa das frequências de rádio e TV.

Ochoa afirmou que o Hoy acumulava problemas econômicos, administrativos e tributários. "Os próprios trabalhadores suspenderam em diversas ocasiões seus trabalhos pedindo os salários atrasados", acrescentou.

Com a lei, um tabloide e um cartunista foram obrigados a reeditar seus conteúdos. Sindicatos de jornalistas e organizações de defesa da liberdade de imprensa criticaram a postura do governo na ocasião.

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