Correa tenta repatriar emigrantes do Equador

Para impulsionar economia e assegurar mais votos, presidente investe na volta de 3 milhões de equatorianos espalhados por EUA, Espanha e Itália

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Por Fernanda Simas
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Em seu sétimo ano no poder, o presidente do Equador, Rafael Correa, investe em programas de incentivo ao retorno de equatorianos, de olho na força de trabalho e principalmente nos votos que representam. Segundo dados oficiais, quase 3 milhões de cidadãos vivem fora do Equador, a maioria nos EUA, Espanha e Itália.O professor de economia na PUC do Equador Jaime Gallegos explica que o grande êxodo de equatorianos ocorreu entre 2000 e 2002, após a crise econômica de 1999. "O PIB recuou 7% e as pessoas começaram a sair do Equador. Saíram, em um período muito curto, 2 milhões de pessoas."Quando assumiu o poder, em 2007, Correa começou a criar programas oferecendo ajuda econômica para aqueles que quisessem voltar ao Equador. A partir de 2008, com a crise econômica na Europa, as iniciativas ganharam mais apoio. "Correa começou a trabalhar para o retorno dos equatorianos. Entre 2008 e 2009, foi o melhor momento politicamente para que o governo se posicionasse e isso se converteu em votos. Os equatorianos que estavam vivendo fora não tinham obrigação de votar, agora votam e têm representantes políticos na Assembleia", afirma Gallegos.Até janeiro de 1999, viviam na Espanha 7.155 equatorianos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística espanhol (INE). O número aumentou para 20.481 no ano seguinte e chegou a 461.310 em 2006. No ano seguinte, começou a cair e atualmente está em 263.498.Os programas implementados por Correa incluem ajuda para trazer bens do outro país, crédito para montar um negócio no Equador, bolsas emprego e, o mais recente, vagas para profissionais qualificados, como médicos e engenheiros. Para o professor, os programas foram um ganho político para Correa, que usava o próprio exemplo ao falar da importância do retorno de equatorianos. "O pai de Correa migrou quando ele era pequeno e ele diz não querer que isso ocorra com os outros", diz. "A oposição reconhece os êxitos do governo nesse quesito, atacam outros assuntos, como a questão da liberdade de expressão, mas isso não." A ajuda não vem só do Equador. Na Espanha, ONGs auxiliam estrangeiros que desejam voltar para casa. "Alguns equatorianos fizeram um cálculo errado porque acreditavam que, ao parar de trabalhar, conseguiriam ficar um ou dois anos vivendo com o seguro desemprego, mas não encontraram trabalho e a crise se estendeu. As pessoas ficaram sem dinheiro para o aluguel, comida ou até retornar ao Equador", conta o presidente da Associação Rumiñahui, Vladimir Paspuel.A associação já ajudou cerca de 60 mil equatorianos a retornar, por meio de cinco programas, alguns em parceira com o governo espanhol, outros com a União Europeia. Quatro deles atendem também equatorianos irregulares. Segundo Paspuel, em um dos programas, os equatorianos que trabalharam e contribuíram com a previdência social recebem todo o dinheiro de volta do governo espanhol em duas parcelas para poderem retornar. Nos outros quatro programas, a associação compra o bilhete de ida, dá 50 para o trajeto até o aeroporto e mais 400 para se instalar no Equador.

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