Corrupção supera crime no Haiti, diz general

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Por Jamil Chade e GENEBRA
Atualização:

O comandante das tropas de paz da ONU no Haiti, o general brasileiro Carlos dos Santos Cruz, denuncia corrupção e diz que um mecanismo de controle precisa ser adotado para evitar o desvio dos recursos internacionais. Cruz ainda alerta que a crise financeira internacional ameaça os avanços obtidos no Haiti e pede que as doações sejam mantidas. Segundo ele, a missão está cumprindo seu papel e o índice de criminalidade no Haiti (5,5 assassinatos por anos por 100.000 habitantes) já é quatro vezes menor que a do Brasil (22 para cada 100.000, por ano). Ele só não sabe quando o Brasil poderá sair do Haiti. "Hoje, o Haiti não vive mais um problema militar, mas um problema político", afirmou ao Estado o general, que assumiu o comando no início de 2007. A Missão de Paz da ONU no Haiti é comandada pelo Brasil. Nesta semana, o general participa de reuniões na ONU, em Genebra. "O grande risco do Haiti não é a falta de segurança. A ameaça está na área política, social e econômica, que pode voltar a causar violência", alerta. "Os militares resolvem alguns aspectos do problema, mas não tudo", apontou. Na avaliação do militar brasileiro, a corrupção tem sido um obstáculo sério. Por ano, o Haiti recebe cerca de US$ 1 bilhão em doações internacionais. "O problema não é só garantir que o dinheiro chegue ao país, mas aproveitar esses recursos da melhor maneira possível", disse. Cruz evitou identificar o alvo de suas críticas. "Precisamos garantir que a corrupção com dinheiro de ajuda humanitária seja tipificado como crime internacional", defendeu.

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