Pressionado por ameaças de cortes de orçamentos por parte dos EUA e diante de uma estabilização relativa, o novo secretário-geral da ONU, António Guterres, sugere o fim da missão de paz no Haiti em outubro, depois de 13 anos de uma operação que envolve hoje 2,3 mil soldados liderados pelo Brasil.
Se o fim gradual da operação no Haiti era visto como “algo natural” diante da situação do país, a proposta de Guterres é interpretada como um sinal que a ONU quer dar ao presidente Donald Trump de que está disposta a rever seus gastos. Por ano, a missão custa mais de US$ 350 milhões.
Membros do governo brasileiro indicaram à reportagem que a proposta de Guterres vai na direção que se esperava para o Haiti. O fim do envolvimento maior do Brasil permitirá que soldados brasileiros sejam destacados para outras regiões do mundo, em especial a África.
Num documento enviado ao Conselho de Segurança e obtido pelo Estado, Guterres sugere que a missão seja renovada pelo último período de seis meses, a partir de 15 de abril. Depois disso, ela seria apenas de policiamento e com foco em direitos humanos.
O governo Trump já indicou à ONU que, a partir de abril exigirá uma revisão de todas as 16 missões de paz da entidade pelo mundo, incluindo no Haiti. Conhecida como Minustah, a missão seria substituída por uma força policial e com o foco no desenvolvimento. O que a ONU não quer permitir é que, uma saída abrupta, reabra espaços para a violência. Em 2000, a ONU fechou sua missão no Haiti, levando o país ao caos.
Pela proposta do chefe da entidade, os funcionários civis seriam cortados em 50% e os policiais reduzidos de mil homens para apenas 295, com a função apenas de aconselhar e ajudar as forças haitianas.