11 de abril de 2012 | 03h07
Após a primeira eleição em décadas, os partidos islâmicos conseguiram 70 das 100 cadeiras da Assembleia Constituinte. O grupo é composto por 50 deputados e 50 representantes da sociedade civil, escolhidos pelo Parlamento, que é dominado pelos religiosos.
A Justiça disse que o decreto constitucional elaborado após a queda do presidente Hosni Mubarak, que suspendeu a atual Constituição, não dava o direito a parlamentares de determinar como seria composta a Assembleia Constituinte.
De acordo com os liberais, os religiosos querem controlar o processo eleitoral e terão caminho livre para decidir o papel da sharia (lei islâmica) no Egito. Poucas cadeiras foram reservadas para jovens, mulheres e cristãos coptas, que anunciaram um boicote aos trabalhos da Constituinte. Grupos liberais e a maior instituição sunita do país, a Al-Azhar, também se retiraram do processo.
Polarização. "A decisão tornou as coisas ainda mais confusas", afirmou Mahmoud Ghozlan, porta-voz da Irmandade Muçulmana, que controla cerca da metade da Assembleia Constituinte. "Os trabalhos, que deveriam estar começando, foram interrompidos por tempo indeterminado. Isso deve aumentar as tensões e polarizar o país."
O ativista de direitos humanos Hafez Abuseada elogiou a decisão do tribunal. "Os religiosos têm de entender que o povo egípcio se revoltou contra o antigo regime justamente porque ele monopolizava o poder e excluía a oposição", afirmou. / REUTERS, NYT e AP
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